sábado, dezembro 31, 2005

And The Margarida Premiada goes to...



Como não deve ter sido difícil perceber, O Margarida Premiada tem muito que ver com descobertas e novidades (descobertas nossas e novidades pra nós, bem claro). Assim, Caio e Clarice, por exemplo, que foram talvez as mais importantes releituras do ano, que estão na base de tudo o que nos une e permite a re-invenção, não apareceram ali. Quem vem caminhando conosco, entretanto, percebe que eles estão em todos os lugares desta casa virtual, sendo permanentemente redescobertos como a base formadora comum de todas nós... Assim, é para eles a Margarida Premiada Honorária pelo conjunto da obra.
***************************************
Um conto que nos marcou a todas, que nos fez calar e chorar, mas não está no livro que levou o Margarida Inventada da Categoria é "Agora que Volto, Ton", de René del Risco Bermúdez. Esta no "16 Contos Latino-Americanos". Há uma postagem de fragmentos aqui no blog, mas a Tuca digitou-o todo. Assim, se alguém estiver interessado na íntegra, basta solicitar por e-mail que enviaremos.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Gurias-Margaridas-do-meu- Coração:

Poderiam me enviar o conto que a Tuca-Querida digitou?

Muitos beijos,
Niña

1/1/06 14:21  
Blogger Gláucia disse...

Claro. Agora mesmo. Bjos.

1/1/06 14:44  
Anonymous Anônimo disse...

Há na internet uma versão em espanhol!!! Se preferirem. "Ahora que vuelvo, Ton". Digitei-o todo porque não havia encontrado em português quando precisei. Beijos.

1/1/06 19:16  

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CATEGORIA: MELHOR FILME

O JARDINEIRO FIEL, de Fernando Meirelles.
Essa foi a Margarida Premiada mais discutida da história muderrna. Mas depois de muito atraso tirado em DVD, muita lágrima debaixo da ponte (Mar Adentro, Hotel Ruanda, Les Choristes, Closer, etc,), finalmente chegamos a um acordo.

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CATEGORIAS: MÚSICA E SHOWS NACIONAIS

SHOW (POCKET): LOS HERMANOS

MÚSICA: CONDICIONAL (LOS HERMANOS)


(rodrigo amarante)

quis nunca te perder
tanto que demais
via em tudo o céu
quis de tudo o cais
dei-te pra ancorar
doces deletérios
e
quis ter os pés no chão
tanto eu abri mão
que hoje eu entendi sonho não se dá
é botão de flor
o sabor de fel é de cortar.

eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim.
do que eu preciso é lebrar, me ver
antes de te ter e de ser teu
muito bem...

quis nunca te ganhar
tanto que forjei asas nos teus pés
ondas pra levar
deixo desvendar
todos os mistérios.

sei, tanto te soltei
que você me quis em todo lugar
lia em cada olhar quanta intenção
eu vivia preso!

eu sei, é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim.
do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de ter e de ser teu
o que eu fazia, o que eu queria, o que mais,
que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
não sei mais!
os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais
e mesmo assim eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!

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CATEGORIAS: MÚSICA E SHOW INTERNACIONAIS

SHOW: MADREDEUS - UM AMOR INFINITO

MÚSICA: HAJA O QUE HOUVER - Madredeus (Pedro Ayres Magalhães)

Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
Espero por ti...
Volta no vento
Ó meu amor
Volta depressa
Por favor
Há quanto tempo
Já esqueci
Porque fiquei
Longe de ti
Cada momento
É pior
Volta no vento
Por favor

Eu sei, eu sei
Quem és para mim
Haja o que houver
Espero por ti...

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CATEGORIA POESIA: SAGRADOS E CONSAGRADOS

O nome das Coisas, Sophia de Mello Breyner Andresen, Editorial Caminho. Também sem edição brasileira, embora Sophia já esteja presente em uma antologia lançada pela Companhia das Letras. Se não por outras "razões", essa seria suficiente:

POEMA

Cantaremos o desencontro:
O limiar e o linear perdidos

Cantaremos o desencontro:
A vida errada num país errado
Novos ratos mostram a avidez antiga

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CATEGORIA POESIA: INÉDITOS E DISPERSOS OU QUASE







Não Discuto, de Patrícia Antoniete, ainda sem editor brasileiro. Os poemas estão disponíveis no sítio indicado. A autora tem um modo peculiar e inconfundível de dar vida a uma delicada arquitetura de palavras: são imagens fortes, tom confessional e ritmo impecáveis. É pena que não tenhamos ainda o Não Discuto de papel.


Cupido: cuspido, escarrado, de Estrela Ruiz Leminski, Ed. AMEOP, 2004. Inventivo, original, sintético. Assim é cupido, cuspido, escarrado. Algumas preciosidades, como "(...)Apesar da saudade,/não te sigo/Você fazia muito mais falta/quando estava comigo" dão conta de nos mostrar a precocidade desta excelente poeta.

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CATEGORIA FICÇÃO - CONTO
Os Passos em Volta, de Herberto Helder, azougue editorial, 2005. Livro de contos do consagrado poeta, foi publicado originalmente em 1963. Ganhou edição brasileira só agora, embora seja considerado um clássico da literatura portuguesa. Transcrevo um trecho, apenas para incentivá-los a correr à livraria: "(...) Cumplicidade e ardor, a partilha da vulnerabilidade mútua, a coragem de tudo enfrentar com tão pouco:essas eram nossas armas. E dispúnhamos dos melhores talentos da libertinagem." Convencidos?

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CATEGORIA FICÇÃO - ROMANCE
Com o voto da Tuca nos Maias, acabamos em empate:
Campo de Sangue, Dulce Maria Cardoso, Cia das Letras, 2005. É o romance de estréia da ficcionista portuguesa:escrita polifônica, ritmada, momentos poéticos, momentos proféticos. Ainda não dispomos de seu segundo romance, "Meus Sentimentos", em edição brasileira, mas o que se lê sobre ele emprega qualificativos como 'extraordinário'. Aguardemos.

Longe de Manaus, Francisco José Viegas, ainda sem edição brasileira, mas saindo em breve pela Record. A capa que vêem aí em cima é da edição portuguesa. No desenrolar da trama policial, vão se aproximando dos nossos olhos instantâneos de desencontros e solidões que se aproximam, que dialogam, "que sentem saudades de coisas que não conhecem", mas não se tocam, não se minimizam, não se diluem. Já disponíveis no Brasil, pela Record, "Um Céu Demasiado Azul" e "As duas águas do mar".

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CATEGORIA NÃO-FICÇÃO
Lucidez Embriagada, organizado pela Antonia Pellegrino, reúne cartas, ensaios, entrevistas e poesias do Hélio Pellegrino, que, como vocês já devem ter percebido, é um dos nossos queridos mais-mais. O livro é de 2004, Ed. Planeta, mas nós só lemos esse ano. E relemos. E algumas vezes até postamos, porque é mesmo muiiito bom.

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sexta-feira, dezembro 30, 2005

Cantando a vida (Da série Sagrados e Consagrados)


"Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida
É bonita e é bonita
Viver...
E não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus eu sei, eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita..."

FELIZ ANO NOVO A TODOS!!!


(Gonzaguinha)
Imagem: Pedro Flávio

4 Comentários:

Blogger Leonor disse...

Adorei!A foto e aletra. Bom 2006 para vocês. Bjs

30/12/05 21:08  
Blogger Leonor disse...

a letra, claro!

30/12/05 21:08  
Blogger Gláucia disse...

Bom 2006 pra ti também. Daqui a algumas horas teremos ultrapassado a fronteira, e estaremos orgulhosas de nós mesmas. Especialmente do quanto nos ajudamos, ainda que distantes, ainda que estrangeiras uma para a outra, unidas por uma dor que só quem teve pais como os que nós tivemos conhecem ou conhecerão um dia. Abraços,

30/12/05 23:31  
Blogger Leonor disse...

Um beijo grande Gláucia e aquel Abraço :)

31/12/05 14:46  

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quinta-feira, dezembro 29, 2005

Feliz Ano Novo (Da série bem-me-quer, mal-me-quer)

Ele pergunta, retoricamente, vendo que ela está de malas feitas: Já vai indo? Ela responde, com cara de quem daria tudo para ficar: Já vou indo. Mas fica olhando pra ele longamente, percorrendo o corpo, se detendo um segundo na altura dos ombros e mergulhando nos olhos com a sede infinita de quem está a um passo da água e não a pode beber. Então, feliz ano novo, ele diz, igualmente mergulhado nos olhos dela, mas constrangido, sentindo-se incômodo e invadido, sem saber o que fazer com as mãos. Feliz ano novo... Mas nenhum dos dois se move. Nenhum passo para um abraço, um beijo, ou para a direção oposta. Ficam imóveis. Continuam se olhando, mergulhados. Sorriem ainda sem tirar os olhos um do outro e dizem, ao mesmo tempo: o que foi? E riem uma risada que enche o silêncio e interrompe o mergulho. Só então conseguem se mover. Um na direção oposta do outro. E ele vai caminhando sério, mas leve, por se livrar da invasora. E ela vai caminhando a sorrir, mas triste, por deixar pra trás aquele que.

Imagem: Felipe Paixão

2 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Ah, Glau, sua destruidora de corações, preferia que tivessem se movido um em direção ao outro... Embora tenha adorado o texto.

30/12/05 15:25  
Blogger Gláucia disse...

Para que se movessem um na direção do outro seria necessário algo muitíssimo especial, tanto na vida quanto na literatura: Encontro. E encontrar é muito mais raro do que perder...

30/12/05 23:33  

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Hotel Ruanda - (Da série Bilhetes e Lembretes)


Acabo de ver. O filme conta a história verdadeira de Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente de um luxuoso hotel em Ruanda. Quando milícias hutus tentataram exterminar a etnia tutsi, teve início uma sangrenta guerra civil. Paul Rusesabagina abrigou milhares de refugiados tutsis no Hotel, nesse período. Detalhe: os hutus chamavam os tutsis de "baratas", "cucarachas". Isso lembra alguma coisa a você? Sophie Okonedo e Don Cheadle foram indicados ao Oscar/2005, ela de coadjuvante e ele de melhor ator. A atuação de ambos é, de fato, irretocável. O difícil é parar de chorar, quando o filme termina. Então, conselho de amiga: não deixe pra ver no dia em que tem que ir devolver na locadora...

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Peguei esse filme hoje na biblioteca para assistir.

Beijo,

30/12/05 02:44  
Blogger Gláucia disse...

Niña, saudades deste lado também. Amanhã vamos teclar, môrdedeus. Até que horas (Brasil) estás disponível?
Ah, e sobre o filme: tu vai môlê de tanto chorar. Eu dei king kong no cinema. A Harriet não tinha visto, e como encerramos as definições dos melhores amanhã, ficou com cara de sapa de tanto chorar...

30/12/05 03:42  
Blogger Alex disse...

Harriet, fiquei estático depois de assitir a Hotel Rwanda. A maldade humana é um veneno.

30/12/05 16:23  
Blogger Miranda disse...

Eu pensei que ia assistir um daqueles filmes em que a racionalidade e a bondade acabam abrindo uma brecha na escuridão da estupidez. Qual nada!!!!!!! Não há brecha, não há razão, é a pura e simples constatação da falta de valor da vida humana. Apenas a vida qualificada (branca, endinheirada, do norte, etc) é que parece valer. Acho q ainda estou muito impactada, e, de certo modo, virulenta...Perdonem. Beijos pra vcês.

31/12/05 01:10  

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Verdades Vestidas (Da série "Diálogos Inusitados")


Ele - Eu gostei muito do que escreveste.

Ela - Que bom. Literatura...
Ele - Literatura?

Ela - Sim. Verdade bem vestida.
Ele - Gostei da tua verdade vestida.

(Silêncio)

Ele - A verdade sem vestes bem-te-quer.
Ela - A verdade é que te quero bem.
Ele - O céu está cheio de estrelas.
Ela - Então amanhã não vai chover.

Ele - Eu não posso começar nada agora.
Ela - Eu não posso terminar nada agora.

Ele - É uma pena; não posso.
Ela - É uma pena. Mas foi bom ter te encontrado.
Ele - Foi bom ter te encontrado também.
Ela - Tem um cigarro?

Ele - Tenho.
Ela - Eu não fumo...Só queria ter algo nas mãos.
Ele - E tem.
Ela - Eu?
Ele - Eu.
(Sorriem, em silêncio)
Ele - "Amanhã eu vou embora pra Natal."
Ela - "Amanhã eu vou embora pra Paris."
Ele - Eu te notei desde o primeiro instante em que te vi.
Ela - Quem sabe um dia a gente não se encontra de novo, por aí, quando der pra começar...
Ele - Aí eu vou te levar uma flor.
(Silêncio)
Ela - Acho que vou passar muito tempo pensando "se tudo isso foi um encontro ou uma despedida".
Ele - Eu só não posso começar nada agora. Entende?
Ela - Entendo.
Ele: - Eu queria te beijar.

Ela - "Te beijo".
Naquele instante, ela soube que o tempo devoraria todas as verdades que havia produzido, vestidas ou não. Soube que nunca mais o veria. Não aquele. Não o mesmo...

Diálogo inspirado no conto "O dia que Júpiter encontrou Saturno", de Caio Fernando Abreu, no Morangos Mofados. Todas as citações do mesmo conto. Esse "exercício" literário vai dedicado ao Alex, ao André, a Paula e ao Leandro, com amor.

Imagem: Isabel Silva

1 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Tuas verdades vestidas são tudo!

29/12/05 14:53  

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O princípio do frio (Da Série Informes do Tempo)

Acabo de ouvir no noticiário: "O frio está apenas no princípio... As temperaturas descerão ainda mais."
E os meteorologistas garantem o inverno mais gelado dos últimos tempos na Europa - já quase toda forrada de branco...
Em Lisboa 2ºC.


Imagem: Helena Correia


1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Novamente não estou conseguindo comentar no ramalhete.
Preparem-se para um inverno rigoroso! Ah, nem acredito que em menos de um mês estarão aqui comigo. Estou tão faceira...

29/12/05 12:19  

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M I Awards/Melhores 2005 - (Da série Bilhetes e Lembretes)


Hoje é o último dia de discussões sobre os prêmios. Adianto-vos que já estão decididos livro de não-ficção, músicas, shows nacional e internacional. Tá uma paulera danada na escolha do melhor filme e do melhor romance. Na categoria contos, tudo se encaminhando para desfecho harmônico (desde que a belezoca da Miranda termine de uma vez a leitura...). Mas poesia, gente...tem horas que a discussão rola em sânscrito...
Os prêmios "Porto de Margaridas" foram criados para os lugares da cidade frequentados pelas flores e pelos margaridófilos. Também estão praticamente definidos. Esses prêmios serão entregues no mês de janeiro, com o devido registro aqui, é claro.
Imagem: Sylvio Paiva

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Explica melhor o que é exactamente o processo todo da MI... :o)para alguém tão inculto quanto eu... só recentemente chegada à margarida...

30/12/05 08:24  
Blogger Tuca disse...

Ainda não me pronunciei acerca do "Margarida Inventada Awards 2005" porque este ano estive literalmente exilada... Quase não fui ao cinema e, salvo meus alfarrábios de Direito Financeiro e Economia Política, e Eça, obviamente, também quase não li (ao menos nada de lançamentos). Mesmo assim, meu voto vai para o Jarnineiro Fiel como melhor filme, e Madredeus - Haja o que Houver - melhor música. Para mim, o livro do ano "Os Maias" - clássico. Ah, o melhor conto, de todos os anos, é "Agora que volto, Ton".

30/12/05 15:35  
Blogger Miranda disse...

Elisa, querida, nós todas somos recém chegadas, de certa forma...
E tudo, por aqui, é inventado. Inclusive os prêmios.
Nós escolhemos as obras literárias e cinematográficas que mais nos marcaram no ano.
Além disso, elegemos os lugares mais legais (dentre os que frequentamos, claro) de Porto Alegre, onde moramos (menos a exilada aí em cima), e entregamos o PORTO DE MARGARIDAS, que é prêmio pros nossos pontos de encontro prediletos.

31/12/05 01:39  

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Estrada afora (Da Série Hai-Kai)


Não tenho país
Nem casa nem riqueza
E como me sinto bem!


(Rogério Martins)

Imagem: Nuno Teixeira Lopes

3 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Esta coisa do exílio, de ser uma "triste desterrada", como dizia Plabo Neruda, é um tanto ambígua em mim. Porque ao mesmo tempo em que sinto-me meio apátrida, carrego minha pátria comigo. Antítese pura. Apesar da distância da minha terra, da minha gente, e da constante vontade do retorno, percebo que o que sinto é uma saudade do que já se foi, do que já não é - da cidade que já ganhou outra paisagem; da casa que já foi remodelada, e já não é mais minha; da família que já não há, senão seus fragmentos; dos amigos que já não estão. E cada vez mais tenho a certeza de que a minha casa agora é onde estou, e que minha família agora é quem está comigo... E quando voltar, estarei voltando a uma outra terra, distinta da que deixei quando parti.

29/12/05 14:50  
Anonymous Anônimo disse...

Eu não tenho terra porque quero ter/ser o/do mundo todo.
Eu não tenho casa minha, porque ela é de todos "os meus" refúgio, fonte onde se vai/vem beber o líquido regenerador, mundo.
Mas eu tenho a riqueza toda, porque há os amigos, as letras e a música, as viagens de e para nós, há o amor-paixão-amor que tudo pode e faz mover.

30/12/05 08:20  
Blogger Tuca disse...

Querida Elisa, meus conceitos de casa (lar), terra (pátria) e riqueza (tesouros) têm mudado nestes últimos anos, desde que me pus no mundo, desde que me fiz andarilha. O hai-kai traduz muito do que sinto. E hoje tudo o que sou, estou e tenho, trago dentro de mim.

30/12/05 10:34  

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quarta-feira, dezembro 28, 2005

Foste te fragmentando (Da série Pergunte ao Pó)


Falavam de como teria sido possível chegar onde tinham chegado. De como aquela sucessão de desencontros havia se dado. Ela perguntou: - Mas quando foi que acabou? - Não acabou. Eu nunca deixei de querer o teu olhar, de te querer. Ela meio embasbacada, tentando ainda entender como nunca deixar de querer, como, se... E assim, no meio de uma discussão sobre o de agora em diante, sobre a relação a ser estabelecida a partir dali, ele se vira pra ela e diz: - Quando teu pai foi perdendo a memória, tu foste te desmanchando, deixando de ser, porque era ele o teu referencial; tu só eras a partir dele...E quando ele morreu mesmo, ficaste definitivamente a deriva... - Ah! E fugiu correndo de dentro do carro; tinham chegado, ainda bem, ela já estava sufocando... Entrou em casa e subiu correndo a arrumar roupas velhas pra dar. Precisava começar algum movimento de descarte e esvaziamento. Precisava não pensar que virara pó. Cinco minutos depois o telefone toca. A voz do outro lado: um estranho em apuros. E ela fica feliz que ele tenha ligado e pensa que é bom poder ajudar. Nervoso, o estranho precisa de dados objetivos que ela vai fornecendo aos poucos, tentando acalmá-lo, enquanto trata de se convencer de que não virou pó...foi o pai que virou pó, está virando pó. Ela está viva... Ela fala ao telefone com um estranho. Que está nervoso, é verdade. Que diz que só ligou porque estava realmente desesperado e não tinha a quem recorrer, porque as dez tentativas anteriores pra dez outras pessoas não tinham funcionado, é verdade. Que diz que está um pouco melhor, muito obrigada, agora precisa descansar, é verdade. Mas ela fala ao telefone. Ela está viva. Uma amiga quer almoçar com ela amanhã. Ela não virou pó, não...
Imagem: Sweetcharade

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Belíssima imagem!!! Posso copiar :o)? Texto... que me remeteu para mim mesma... Como me revi, revejo no "...tentando ainda entender como nunca deixar de querer, como, se... (...). Precisava começar algum movimento de descarte e esvaziamento. Precisava não pensar que virara pó.", no encontro com o outro, seja um estranho ou alguém mais chegado, apenas importa que tal nos ajude, às vezes (quando é preciso), a reconhecer que estamos vivos ainda, que não virámos pó, não! O outro "massaja o nosso ego" um pouco e... já tudo vale de novo a pena.

28/12/05 06:19  
Anonymous Anônimo disse...

"O mais importante nas casas são as janelas, sim. E acho que nas pessoas também.", escreveste tu sobre o meu texto, Glau. Tantas ligações entre nós... Cada vez acredito mais que as pessoas podem mesmo entrar "nas nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem". Acho que com mais ou menos palavras, há uma ligação qualquer entre nós que acredito só poder permanecer infinitamente e para além do etéreo.
Janelas, espelhos da alma. Tenho eu também um gostinho especial por janelas, uma tonta paixão pelas ditas, como me dizem alguns, daquelas coisas que me acompanham há longos anos, daí alturas da via em que já fotografei tudo o que era janela, que me atraía inexoravelmente. O que estará para lá delas, por elas adentro? Para que mundo(s) se abrem?

28/12/05 06:35  
Anonymous Anônimo disse...

Agora, novo post se impõe! :o)
Essa de estares por cá em Fevereiro... Decididamente, há qualquer coisa de outro mundo que nos ligará... Olha, não me lembro se já te dei o meu contacto de mail pessoal, mas deixo-o aqui, de qualquer modo. Escreve para ele, enviando o teu mail de contacto pessoal também, se assim o entenderes. Por aí, enviar-te-ei os meus contactos telefónicos e/ou outros que desejes. Assim, não haverá mesmo hipótese de desencontro entre nós. Poderás ficar por cá, vires de visita, simplesmente, ... não importa. Um contacto mais, sobretudo quando estamos fora do nosso ambiente habitual é sempre um contacto. Que achas?

elisabete.anastacio@netvisao.pt

Bjs.

28/12/05 06:45  
Blogger Gláucia disse...

A imagem não é nossa. Esse pseudônimo é usado pelo fotógrafo. E o texto da Meg é muito bom mesmo. Quando a criatura se inspira é bem assim. É como a Tuca. Meu fascínio pelas janelas é idêntico ao teu e ao mesmo tempo inverso, pois me atraí o movimento de fuga possível através delas, além da curiosidade sobre o q há por trás.
E te enviarei mail com certeza. Espero não apenas que nos encontremos uma vez, mas já sinto que tenho mais uma irmã aí além da Tuquinha. Tenho certeza de que faremos muitos passeios, iremos a muitos cafés e apresentaremos autores e poemas e artistas plásticos e fotógrafos novos umas para as outras. Um beijão, e muito obrigada. O teu carinho e a tua intensidade são sempre muito comoventes.

28/12/05 23:46  
Blogger Margarida disse...

Elis, fiquei muito feliz por teres gostado do meu texto. Especialmente por teres achado que era da Glau. BJos

28/12/05 23:52  
Blogger Tuca disse...

Grata pela referência! Mas a Margarida quando se inspira, supera todas. Beijos.

28/12/05 23:58  

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Relações de Emprego (Da série 'me segura qu'eu vou dar um troço')


A criatura está no velório da sogra. Trabalha com o marido, no mesmo estabelecimento. O homem inconsolável chora junto ao corpo da mãe. Ela ao lado, calada, como costuma ser nessas horas. Numa singular demonstração de deferência, o dono da empresa comparece à cerimônia. E numa singular demonstração de estupidez, lasca pra infeliz, que ainda não tinha nem enterrado a sogra: "- Dona Mariana, aquele relatório do recursos humanos já foi revisado?" Podem acreditar, senhoras e senhores leitores, que este blog não mente. Isso aconteceu, e vos dou meu testemunho... Pergunto-vos: o que seria razoável fazer?
(a) matar o chefe e aproveitar o mesmo enterro;

(b) bater no chefe com o cadáver da sogra;

(c) mandar o chefe se f*****, o que seria inócuo, porque ele não deve fazer isso desde tempos imemoriais;

(d) nenhuma das alternativas anteriores porque você acaba de pensar em algo melhor e vai deixar sua sugestão num comentário.

Imagem: Raquel Varela

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Hilário!!!!!!!!!

28/12/05 14:25  
Blogger Leonor disse...

rotfl!!!!!!!!!!!!!!

28/12/05 16:23  
Blogger Miranda disse...

Eu sei que vocês vão achar que eu inventei isso, porque ninguém seria tão insensível. Mas aconteceu...

28/12/05 23:49  
Blogger Tuca disse...

Mas que animal!!!!!!!!!
Acredito que tenha acontecido, lamentavelmente.

29/12/05 00:01  

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terça-feira, dezembro 27, 2005

Fumando a tristeza (Da série Molly Bloom)


Pelas ruas, as pessoas desfilam seus coloridos, disfarçam seus doloridos, tentando ser o melhor que podem. Mas meu olhar em torno reconhece poupanças de raiva explodindo em fúria, tristezas mal disfarçadas nas fumaças que sobem das cinzas dos cigarros, dores de injustiça a se renovar pelas esquinas. Não há olhar em torno que não denuncie os olhos que vêem. Ao reconhecer a injustiça rememoro as que já sofri; ao reconhecer a raiva e a fúria alheias enxergo espelhadas minhas frustradas tentativas de reação. Quando fumava minha tristeza, era mais fácil passar fingindo não vê-la. Meu olhar ao longe procura a luz. Penso em cidades distantes, onde neva, onde a treva chega mais cedo, onde fui uma que já não sou, num tempo em que havia tempo para esperar por manhãs anunciadas, por vagas promessas de noites de amor, pela chegada do novo ano imaginando estréias, olhos na Torre Iluminada, coração alto em esperança...
Imagem: Nar Scissors

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Mas que esssssssssscândalo essa foto!!!!

28/12/05 09:14  
Anonymous Anônimo disse...

Também adorei a foto!

28/12/05 10:53  
Blogger Gláucia disse...

Eu também adoro essa foto. Que bom que vocês gostaram!!!!!!!!!!!

28/12/05 11:00  
Anonymous Anônimo disse...

A foto é o que há. E o texto...wow. Mil vezes wow.

28/12/05 14:27  
Blogger Leonor disse...

Gostei muito do texto e da foto claro!

28/12/05 15:28  
Blogger Gláucia disse...

Fiquei muito feliz que vocês gostaram, gurias. Pra ser bem sincera, bestinha...

28/12/05 23:32  

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Agonia (Da Série Trilhas sonoras do dia)

Se fosse resolver
Iria te dizer
Foi minha agonia
Se eu tentasse entender
Por mais que eu me esforçasse
Eu não conseguiria
E aqui no coração
Eu sei que vou morrer
Um pouco a cada dia
E sem que se perceba
A gente se encontra
Pra uma outra folia
Eu vou pensar que é festa
Vou dançar, cantar
É minha garantia
E vou contagiar
Diversos corações
Com minha euforia
E a amargura e o tempo
Vão deixar meu corpo
Minha alma vazia
E sem que se perceba
A gente se encontra
Pra uma outra folia

(Oswaldo Montenegro)

Imagem: Sofia Antunes

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Esperar a dança (Da série Pergunte ao Pó)


Acontece da gente querer dizer, vez em quando, 'tenha medo, não'. Mas, duramente, se percebe que não há palavra que seja suficiente pra espantar o que plantado com fundas raízes na escuridão da terra. E do que brota e aparece não se há de dizer 'tudo', pois que se sabe que a sustentação está oculta sob. E por mais que a gente intua as melhores possibilidades, é preciso sentir a vocação para a vida, o coração pulsante nos olhos que buscam, para dizer 'espero por ti'. Pois que dizê-lo é pisar um chão de estrelas, tomar emprestada sua luz. Ninguém espera por nada. Esperar é verbo transitivo, que transitivamente reclama complemento, prometido ou não prometido, dito ou não dito; evoca esperança - esperar pela dança...que há de ser azul, se vier...

Imagem: David Marinho

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Esperarei por ti (Da Série Canções do Exílio)


Aqui onde o exílio
Dói como agulhas fundas,
Esperarei por ti
Até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
E floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
E no silêncio desapareça.

(Eugénio de Andrade)

Imagem: Rui Monteiro



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segunda-feira, dezembro 26, 2005

Os Melhores do Ano (Da série Fora de Série)


Começaram as discussões margaridais sobre os melhores do Ano. Os filmes: Closer, O Jardineiro Fiel, Conversasiones com Mamá, o Tempero da Vida. Estamos esquecendo algo? Favor lembrar... Livro de ficção é briga de foice. O engraçado é que é só entre portugueses. Não sei se não vai dar empate técnico (ou faremos segundo turno?). Poesia tá uma cousa...Uma das poucas unanimidades é livro de não-ficção, porque todas leram e surtaram com o mesmo, esse ano. Não, não vou contar qual é. Só no dia 30... Sugestões serão aceitas até dia 29, 24h, impreterivelmente.

Imagem: Divulgação de "Closer"

9 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

filme do ano...

INCONSCIENTES

26/12/05 11:35  
Blogger Margarida disse...

E 'In her shoes', Hotel Ruanda, Mar Adentro. Acabei de lembrar...

26/12/05 12:04  
Blogger Madame disse...

Putz! Adelaide! Eu tive a capacidade de ir ao cinema justo no dia que havia parado de passar Inconscientes. Estou doida pra ver.

Closer. Não gostei muito não.
Jardineiro Fiel é o melhor de todos.
Não vi Crash, mas estou botando muita fé.
Boto na lista "A Batalha dos Vegetais".

26/12/05 14:20  
Anonymous Anônimo disse...

Eu adorei Exílios.

26/12/05 18:51  
Blogger Miranda disse...

Vou procurar Exílios. Não sei se vou achar aqui em DVD. De quem é, com quem é?
Não vi a "A Batalha dos Vegetais".

26/12/05 19:05  
Anonymous Anônimo disse...

Closer é o melhor.
Malva

26/12/05 20:52  
Anonymous Anônimo disse...

Exílios é de um cara chamado Toni Gatlif. Ou algo assim. Não é com ninguém conhecido. Passou na CCMQ quando eu estive em Gay Harbor.
Glau, estou com saudades tuas. Muita coisa acontecendo. Espero que estejas bem.

Beijo no coração.
Keiko

PS. Estou sempre por aqui, embora o tempo esteja curto e o coração à mil.

27/12/05 01:16  
Anonymous Anônimo disse...

Keiko, eu também estou com saudades. Muita coisa acontencendo também. Quem sabe a gente não consegue se encontrar no MSN amanhã...

27/12/05 01:52  
Anonymous Anônimo disse...

Glau,

Sim...espero que possamos. Vai ser bom conversarmos. :)

Beijo,
Keiko

27/12/05 11:05  

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domingo, dezembro 25, 2005

Noite de Natal (Da série "Vejo Flores em Você")



Eu não tinha armado pinheiro nem comprado qualquer presente. Não havia, em casa, qualquer referência ao Natal. A Daniela, minha amiga-irmã-companheira-corredora-pisciana-etc havia convidado pra passar a noite do dia 24 com a família dela. Até a última hora eu não havia decidido o que fazer; se ia, se ficava, se alguém da família apareceria. Saímos pra correr no final da tarde. Eu não havia dormido nada (literalmente) na noite anterior. Foram 1h20 de exercício e muito trololó, o que já me deixou mais animadinha. Depois de um banho fomos pra casa da tia da Dani, onde toda a família se reuniu pra uma deliciosa festança, com direito a arroz a grega, torta fria, peru, frutas e mais frutas, ervilhas (a Clara comeu todas, não sobrou pra mais ninguém) muita champas, inomimáveis doces natalinos e uma alegria contagiante, que me lembrou os melhores Natais da minha vida. Quando meu pai era vivo e dizia palhaçadas a noite inteira, as gurias cantavam, minha mãe fazia muitas comidas agridoces e engordantes, trocávamos presentes e dávamos muita, mas muita risada. Por nada. A gente se olhava e ria. Pois ontem dei muita risada. E ganhei abraços fortes e apertados e sinceros de todos. E me senti envolvida por um halo protetor de carinho, pelos olhos do meu amigo-irmão-caçula-companheiro-corredor-leonino Leandro, pela mão no ombro do meu amigo-cunhado-companheiro-corredor-taurino-doutor Cristiano, pelas palavras sinceras da Dani, minha inqualificável amiga de todas as horas, pelos cuidados constantes dos seus pais conosco, na intuição do meu amor pelos filhos deles, pela doçura das tias e tios dela, especialmente a nossa anfitriã, que conversa com qualquer um como se conhecesse desde sempre, deixando a gente tão a vontade que até um porre no Pitoco, o cachorrinho, acabamos dando (ele se atracou feliz da vida no vinho que caiu da taça). E a Clarinha teve uma Noite de Natal de verdade, no meio de uma família feliz, barulhenta e colorida, como as que a mãe dela teve um dia...e nunca mais esqueceu, como nunca mais esquecerá esse gesto tão singelo, esse mágico toque de pincel com o qual a mãos-de-vento pintou estrelas azuis na noite que havia nascido pra escuridão e pra falta...
Imagem: Dani, Leandro, Cris e eu (reparem que todos só tomam mineral, exceto...)

6 Comentários:

Blogger Leonor disse...

Feliz Natal atrasadao, Gláucia. Ainda bem que conseguimos ultrapassar esta data com a tranquilidade necessária para aceitar aquela ausência em nós. Bjs. Leonor

26/12/05 08:56  
Blogger Gláucia disse...

Feliz Natal atrasado pra você também. Ainda bem que conseguimos. Tenho certeza de que muito do "conseguir" teve que ver com ler exaustivamente teu blog, e partilhar da mesma dor. Assim, muito obrigada por tudo. Bjos

26/12/05 10:09  
Anonymous Anônimo disse...

Gostoso!

26/12/05 14:24  
Blogger Leonor disse...

Beijos grandes, Gláucia. Fiquei comovida.

26/12/05 21:26  
Blogger Gláucia disse...

Papalagui,
A minha gratidão é verdadeira e profunda. Embora nem sempre consiga deixar comentários, sou sempre tocada pelo que escreves lá, como naquela vez do bilhete do teu pai, em que disseste q podendo vê-lo, não mais sairias de casa...Eu também.

27/12/05 00:54  
Anonymous Anônimo disse...

Todos a água mineral, excepto... tu? :o) Só queria confirmar (curiosidade matou o gato, eu sei, mas...)que tu eras a menina de copo na mão.
Agora a sério: Como, quanto me revejo no teu texto... Chorei...

30/12/05 08:34  

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O que é o Amor? (Da série Sagrados e Consagrados)


Certa vez, em entrevista concedida para Clarice Lispector, o Hélio Pellegrino disse, dentre outros tesouros a serem sempre revisitados: "A coisa mais importante do mundo é a possibilidade de sermos com-o-outro, na calma, cálida e imensa mutualidade do amor. O Outro é o que importa, antes e acima de tudo. Por mediação dele, na medida em que recebo sua graça, conquisto para mim a graça de existir. (...)" E, ao ser perguntado "O que é o amor?" respondeu "Amor é surpresa, susto esplêndido - descoberta do mundo. Amor é dom, demasia, presente. Dou-me ao Outro e, aberto à sua alteridade, por mediação dele, recebo dele o dom de mim, a graça de existir, por ter-me dado."

Fonte: Lucidez Embriagada, org. Antonia Pellegrino, Ed. Planeta
Imagem: Nuno Ferro

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sábado, dezembro 24, 2005

Feliz Natal! (Da Série Túnel do Tempo)



Quero ver você não chorar
não olhar pra trás
nem se arrepender do que faz...
Quero ver o amor vencer
mas se a dor nascer
você resistir e sorrir...
Se você pode ser assim
tão enorme assim
eu vou crer...
Que o Natal existe
que ninguém é triste
que no mundo há sempre amor...
Bom Natal, um Feliz Natal
muito Amor e Paz pra Você...
Pra você!


(Edson Borges)
Imagem: Carla d'Almeida Lopes



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sexta-feira, dezembro 23, 2005

Passeio - nº 16 (Da série Sagrados e Consagrados)



E a que se fez criança, tece a rosa.
E criança também, uma mulher
Contida de silêncios e de memória,
Espera o plenilúnio e elabora
Uma saga de sol.

(hilda hilst)

imagem: Ana Maria Russo

2 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Magnífico!

24/12/05 00:37  
Blogger Gláucia disse...

Eu também acho.
Ela é uma deusa. Pagã, bem claro...

24/12/05 02:43  

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quinta-feira, dezembro 22, 2005

Presente de Aniversário Atrasado (Da série "O Tempo Redescoberto")


Essa foi a edição dos Morangos Mofados que li, em 1987. Sempre a tive por perto, junto ao Ovo Apunhalado, capa preta, de 1975, original. Ambas velhinhas, sublinhadas, surradas, folhas amarelecidas pelo passar do tempo, dentre meus livros mais queridos. Ano passado (ou terá sido neste?) emprestei-o para alguém que não devolveu. Fiquei muito triste. Fiz buscas e batidas pelas minhas bagunçadas estantes e pilhas desordenadas de livros, na esperança de encontrá-lo. Sempre apenas para constatar que estavam mesmo perdidos, os meus Morangos. Mas tenho um amigo. Ele também havia, de certo modo, perdido seus Morangos. Sabia o que significava. E perguntei a ele, olhando pros "canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar?" Ele respondeu que sim. Não acreditei, mas calei. Ele garantiu que era possível plantar e disse que me devolveria meus Morangos. E que nada, abolutamente nada que eu dissesse o faria desistir de devolvê-los a mim. E mais, não deixaria que eu desistisse da minha sede de eternidade. E que mesmo depois que Urano entrasse em Escorpião, após a Passagem da Grande Dor, seríamos Os sobreviventes, Os Companheiros. Nos piores momentos, conseguimos Diálogo. Fomos Luz e Sombra um para o outro. Sofremos muitas Transformações. E assim, numa Quinta-feira Gorda, mais ou menos no dia em que Júpiter encontrou Saturno, ele caminhou pra mim com olhos de quem "gosta de estrelas" e me entregou um pacotinho. Abri: meus Morangos, a minha edição. Após muitos meses, finalmente encontrara. A promessa se cumprira. Estava lá: "Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem. Natural é encontrar. Natural é perder" Meus Morangos; a dedicatória: 'Para Gláucia, porque sabe torná-los eternos e a salvo do mofo, sem sacrificar a doçura. Feliz Aniversário'... Fiquei muda. Lembrei que me escrevera uma vez que "o amor também vive nos silêncios de gestos e olhares e morre sem palavras, só para renascer nos fatos". Pela primeira vez concordei. Forma de calar, forma de amar. Strawberry fields forever...Muito obrigada, my friend. Sei que sempre tive o teu melhor.

Imagem: capa do livro
Todas as citações: Caio Fernando Abreu, Morangos Mofados

8 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Lindo. Estou embasbacada. Lindo e profundo.

23/12/05 11:52  
Blogger Gláucia disse...

Depois do falamos ontem a noite, dear...

23/12/05 12:41  
Anonymous Anônimo disse...

Bah. Como diz a Tuca, te puxaste, hein?!

Adorei, achei perfeito.

23/12/05 13:06  
Blogger Lana Moon disse...

Eu também adorei teu texto. Mas tu leste em 1987? Bah...Não vou calcular...

23/12/05 15:26  
Blogger Tuca disse...

Caramba! Lembro-me de ti lendo este livro. E eu bem pirralha a te rodear. Beijo.

23/12/05 23:18  
Blogger Gláucia disse...

Pronto. Resolveram as duas me chamar de velha. Eu mereço. Como diria Rô, eu devo ter grudado chiclete na cruz...

24/12/05 02:40  
Blogger Alex disse...

Nao fazes ideia de como estao meus olhos agora. Meus morangos tambem se perderam há anos e minhas epifanias nao quizeram voltar.

Para mim nao tem história de amor/solidao como No Dia em que Júpiter Encontrou Saturno.

Feliz Natal!

25/12/05 16:59  
Blogger Gláucia disse...

Eu vou começar a procurar teus morangos, pra, de algum modo, te devolver. E nem que precise ir até Júpiter, "onde as almas são puras e a transa é outra", eu vou desistir. "Bom encontrar você.(...) Te beijo"

25/12/05 20:13  

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Literatura (Da Série Inéditos e Dispersos)


Nas culturas ocidentais tradicionais as crianças são educadas com conceitos absolutos sobre o que é "bom" e o que é "mau". Essa atitude, justificada pelos educadores a partir da premissa de que as crianças não são capazes de compreender o que é ambíguo ou relativo, prepara mal as pessoas para a vida, que é, no melhor dos casos, um processo sem fronteiras delimitadas, em que tudo pode doer, tudo pode enaltecer e tudo pode rebaixar o ser humano. Diante dessa formação, são os textos literários - orais, escritos, visuais - que oferecem aos jovens uma visão mais adequada de si mesmos, de seu contexto emocional, social, cultural e político. A literatura, apesar de ser uma adequação da realidade, uma reinvenção do mundo, é mais certeira e nutre mais do que a educação formal. Por isso, ela desafia os parâmetros das sociedades organizadas e é, ao mesmo tempo, um espelho, uma forja e uma nave. E para quem nasceu ilha, a nave, sobretudo, é imprescindível.


Magaly García Ramis, Porto Rico, 1992.
Imagem: Vasco Ribeiro

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Que todos os dias sejam de festa,
todo o ano,
todos os anos!

Que o Novo Ano faça de nós
seres maiores,
seres melhores!

E.

23/12/05 03:30  
Blogger Gláucia disse...

Obrigada, Elisabete.
Tudo de melhor pra ti também.
És comovente.

23/12/05 03:36  

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Poesia (Da série Sagrados e Consagrados)



Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

(carlos drummond de andrade)

Imagem: Richard Henson


3 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Adorei, Harriet. Beijo.

22/12/05 19:23  
Blogger Gláucia disse...

Tchê, Tuca, essa mala passou mais hora tentando escrever um poema e me cutucando aqui. Quando desistiu, resolveu postar esse. Perfeito, não?

23/12/05 03:52  
Blogger Tuca disse...

Ha, ha, ha! A Harriet para postar parece eu, indecisa. Horas, dias...

24/12/05 00:36  

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Eterno em mim (Da série trilhas sonoras dos dia)



Não há nada no mundo que possa fazer
Eu deixar de cantar
Ou deixar de gostar de você
Não há nada no mundo, nem nunca haverá
De mais alto ou mais fundo

O meu canto é meu céu
E você é meu mar
Duas coisas que dentro de mim
Não podem ter fim
Dois azuis no mesmo azul

Meu horizonte sem nuvem nem monte
Em mim o eterno é musica e amor
Eu deixar de cantar
Ou deixar de gostar de você
Não há nada no mundo que possa fazer

(caetano veloso)

Imagem: gentilmente enviada pelo Cláudio Muller para o Margarida

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Que coisa bonita Glau! Este poema do Caetano. Não conhecia, mas é lindo, lindo e quanto me revejo nele em tanta, tanta coisa que ele diz, como diz, ...
Sim, Glau, sou eu mesma, a Elisabete que descobriu o teu blog através de uma visita da Niña ao meu. Só troquei 1 ou 2 msgs com ela, mas o blog dela e o teu fazem já parte dos meus Favoritos. Há identificações com certas pessoas que simplesmente se sentem... Acho que nós 3 constituimos já uma espécie de rede, cadeia, ... O meu mail de contacto, se não quiseres usar simplesmente o blog é elisabete.anastacio@netvisao.pt , à tua disposição sempre.
Obrigada pelo que já me ofereceste em tão pouco tempo.
Natal lindo para ti!
Abraço gd e bjs carinhosos.
E.

22/12/05 17:19  
Blogger Gláucia disse...

Obrigada a ti por essa presença constante e tão carinhosa. Acho nossos encontros mágicos. O Caio dizia "amor é magia". Acho que é. Encontro é magia. Só se encontra quem se procura, não é? Que bom que nos encontramos...
Um beijo pra ti.

23/12/05 03:45  

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terça-feira, dezembro 20, 2005

Coisas Boas (Da série Molly Bloom)


Como é bom partilhar segredos, ler olhos e entrelinhas, receber torpedos, cozinhar dançando "Una Notte a Napoli", imaginar surpresas possíveis e impossíveis. Repartir meus brinquedos. Correr com uma amiga de manhã e tomar café com outra à tarde. Ignorar degredos. Sentir que me remendo pelo avesso, como deve ser, pra que as marcas sejam mínimas e não assustem. Juntar pedaços de mim que estavam espalhados pela casa, separar o que vai fora do que vai dentro. Abrir espaço para o novo. Receber flores. Sentir saudades de quem está vivo e ainda vou abraçar. Sorrir apesar da saudade de quem nunca mais. Ter coragem para dizer. Traduzir-me apesar da navalha gelada que desenha um fio de prata em minha barriga. Ter uma idéia e ligar pra contar, pra confiar, pra inaugurar possibilidades novas nas tardes que nascem estéreis, e depois dão frutos...

(Imagem: Fernando Ladeira)

1 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Como é bom ter amigos!

22/12/05 19:26  

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Una Notte a Napoli (Da série 'trilhas sonoras do dia')


Una Notte a Napoli

Pink Martini

Una notte a Napoli
Con la luna ed il mare
Ho incontrato un angelo
Che non poteva più volar
Una notte a Napoli
Delle stelle si scordò
E anche senza ali
In cielo mi portò

Con lui volando lontano dalla terra
Dimenticando le tristezze della sera
In paradiso, oltre le nuvole
Pazza d'amore come le lucciole

Quanto tempo può durare?
Quante notti da sognare?
Quante ore, quanti giorni
E carezze infinite
Quando ami da morire
Chiudi gli occhi e non pensare
Il tempo passa, l'amore scompare
E la danza finirà!

Una notte a Napoli
Con la luna ed il mare
Ho incontrato un angelo
Che non poteva più volar

Una notte a Napoli
Delle stelle si scordò
E anche senza ali
In cielo mi portò

Tristemente tutto deve finire

Ma quando il cuore mi ha spezzato
Ed in cielo mi ha abbandonato
Adesso sulla terra son tornata
Mai più di amare mi sono rassegnata

Ma guardo su!

Quanto tempo può durare?
Quante notti da sognare?
Quante ore, quanti giorni
E carezze infinite?
Quando ami da morire
Chiudi gli occhi e non pensare
Il tempo passa, l'amore scompare
E la danza finirà!

Una notte a Napoli
Con la luna ed il mare
Ho incontrato un angelo
Che non poteva più volar
Una notte a Napoli
Delle stelle si scordò
E anche senza ali

In cielo mi portò

In cielo mi portò
In cielo mi portò
In cielo mi portò

(Imagem: Luís Lobo Henriques, recentemente utilizada em postagem do Paixão e Primavera)

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Escrevi para ti hoje. Espero que gostes. Eu adorei ver essa foto aqui. E a canção então...

Beijo,
Niña

20/12/05 23:54  
Blogger Gláucia disse...

Tu já conhecias a canção?
Eu conheci domingo. Me apaixonei.
A foto é citação mesmo...
Bjos

21/12/05 00:54  
Blogger Gláucia disse...

Só agora vi o que escreveste pra mim. Adorei. Mesmo.

21/12/05 01:19  
Anonymous Anônimo disse...

Linda,

Eu baixei a música. Eu queria saber como é que tu consegues sempre dar uma dimensão maior ao meus sentimentos.
A letra da canção (a parte que eu entendo) é simplesmente avassaladora!

TE ADOROROOOOOO!

21/12/05 11:59  

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Será Possível (Da série Sagrados e Consagrados)


Será possível que nada se cumprisse?
Que o roseiral a brisa as folhas de hera
Fossem como palavras sem sentido
- Que nada sejam senão seu rosto ido

Sem regresso nem resposta - só perdido?


(sophia de mello breyner andresen)


Imagem: Promises-of-Yesterday - Christie Repasy

6 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Glau, já recebeste os livros?

20/12/05 19:31  
Blogger Gláucia disse...

Yes, Yes, Yes. E fiquei simplesmente alucinada. Na verdade, já li tudo. Ela é maravilhosa. Mil vezes obrigada. Beijos,

20/12/05 20:37  
Anonymous Anônimo disse...

Que bom que gostaste. Beijos!

21/12/05 11:22  
Blogger Gláucia disse...

Elisabete,
Que coisa maravilhosa ler essas tuas palavras. Que bom que gostaste. Espero que voltes sempre na nossa casinha virtual. Eu também amo Sophia. E adoro a Niña e o blog dela (é óbvio, não é mesmo?)Chegaste pela melhor via possível, pois nos identificamos muito (a NIña e eu) e já temos um grande afeto uma pela outra. Vou tratar de te visitar hoje.
Um beijo e muito obrigada

22/12/05 09:56  
Anonymous Anônimo disse...

Margaridas e Elisabete,

Me faz tão bem saber isso. Me dá uma alegria e me conforta tanto saber que o p&p serviu para aproximar dois blogs que me tocam tanto. Sim, O Margarida Inventada sempre me deixa do mesmo jeito. Venho aqui às vezes e saio calada, pois a emoção é muito forte. E não há palavras que sejam fiéis ao que eu quero dizer. Ao mesmo tempo, muitas vezes, já foi dito pelo próprio post. E daí o silêncio impera. Um silêncio acompanhado pela energia que emana daqui e que forma sim uma corrente.

Beijos,
Niña

23/12/05 00:21  
Blogger Gláucia disse...

Gurias,
Vocês não tem idéia do bem que nos fazem dizendo isso. Tanta coisa passa a valer a pena...É muito, mas muito bom ter vocês aqui. E falo por todas nós.

23/12/05 03:50  

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Anúncio de uma saudade (Da série bem-me-quer, mal-me-quer)

Não sei quando foi a primeira vez que te vi. Mas das primeiras imagens que retive, é nítida a lembrança de que trazias no fundo dos olhos azuis uma ternura latejante. Aparente calmaria frequentemente desmentida em ocasiões que não me passaram despercebidas. Uma ou duas alegrias comuns fizeram nossos olhos se cruzarem. Nos despedimos para um período de quinze dias. Senti, naquele instante, o anúncio de uma saudade que está comigo agora, quando espreito a solidão da tua sala vazia. Deixo que meus olhos se percam nas águas do rio, aparente calmaria azulejante...

Imagem: Manuela Viola

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Glau,

Tenho estado meio letárgica nos últimos dias. Adorei este texto.
No finalzinho tenho a impressão que o olhar busca a calma onde sabe que não vai encontrar.

21/12/05 11:33  
Blogger Gláucia disse...

Também achei que no finalzinho ela quer dizer que está procurarando por ele - e já sabe que a calmaria é só aparente

22/12/05 09:51  

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segunda-feira, dezembro 19, 2005

Mãos ao alto, é uma assunto (Da série Inéditos e Dispersos)



corrente
de ventos
sem elos
borboletas
pensamentos
mundos
paralelos
pregos
e martelos
não pregam
nem martelam
evangelhos
desejos
se revelam
relevos
reverberam
provérbios gregos
novos livros
nos sebos
traças e feltros
nos desesperam
feras
proliferam
tempestades
enchem as tardes
e para rimar
no final
vai abrir sol

(retta)
das "Falavras"
Action Spoken Poetry

Imagem: Retta com seu mural

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domingo, dezembro 18, 2005

Andréa Lucas (Da série Parabéns a Você)


Querida Andréa,
Confiei em ti desde o momento em que tua voz embargou ao falar do teu filho. Quando te entreguei minha pequena Clarinha nos braços, porque precisava ir trabalhar, sabia que ela estava bem cuidada. Tu já olhavas pra ela com amor. Mas nesse tempo todo que passamos juntas, aprendi que mais do que ser extremamente competente no cuidar, és uma pessoa muito especial. Porque esse amor, tu o tens em ti, e só por isso é que tens pra dar.
Muito obrigada por tudo, feliz aniversário e muitas, muitas margaridas.

1 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Andrea, Feliz Aniversário! Tudo de bom! Um forte abraço e um grande beijo da Tuca.

19/12/05 09:14  

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A Arte de Perder (Da série 'descolar cinema' com poesias consagradas)


Eu adorei. Queria ter assistido com a Gláucia, a Miranda, a Harriet, a Tuca, a Biba, a Baby, a Tíccia, a Rô, a Keiko, a Niña, a Dani, a Fernanda, a Emília, a Marília...Ia ser muito, mas muito ranho.
Irmãs do mundo, não percam de jeito nenhum. As nossas amigas Gorduchas, post by Delaidinha, de 06/12, já haviam adiantado, mas vale a pena repetir: não percam. E não esqueçam a caixa grande de lencinhos descartáveis. Eu então, que tenho tantas irmãs, quase me despedacei chorando. O pobre do acompanhante, saía comigo pela primeira vez...Acho que no cinema a gente não vai mais. Pelo menos por um tempo.
E pra não me acusarem de egoísta, vou repartir com vocês um dos momentos mais bonitos do filme, que o outro já está lá no post da Adelaide.

One Art
(Elizabeth Bishop)

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Imagem: divulgação do filme

4 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Queria tanto ver este filme... Mas por aqui já saiu de cartaz. Snif, snif...

19/12/05 09:16  
Anonymous Anônimo disse...

Foi um dos filmes mais tocantes de 2005. Curtis Hanson é realmente um diretor ímpar.

Adoro chorar no cinema...


beijos das gorduchas

19/12/05 10:03  
Anonymous Anônimo disse...

Glau,

Eu assisti ao filme no domingo e quase me esvaí de tanto chorar. No final tive que esconder os rosto dos velhinhos de Tamarac, iguais ao do filme... Pensei muito em ti durante o filme todo. A gente se coloca o tempo todo no lugar uma da outra de certa forma através do que escrevemos e do que conversamos. E eu senti uma saudade enorme.

Beijo,
Niña

21/12/05 00:01  
Blogger Gláucia disse...

Niña, querida,
eu tbém pensei muito em ti quando vi o filme. Cada vez tenho mais certeza de que viemos da mesma estrela...

21/12/05 00:58  

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sábado, dezembro 17, 2005

O Amigo Narcisista (Da série O Amor nos Tempos do Cólera)














O sujeito de orientação narcisista carrega consigo alta dose de egoísmo e vaidade que acabam por impedi-lo de ir ao encontro do Outro. Ele não tem 'disponibilidade amorosa' e facilmente abandona seu(s) parceiro(s) em momentos significativos e intensos da vida comum. Embora seja capaz de ser gentil e de aparentar interesse pela pessoa do Outro, sendo, eventualmente, inclusive, protetor, para atrair atenção e afeto, sua pretensão encontra-se centrada no retorno que espera do seduzido. É claro que, em certo grau, é absolutamente saudável que se queira impressionar positivamente o outro, esperando em retorno algum grau de admiração. Mas o que distingue o narcisista é o egoísmo elevado a uma potência tão alta, que o outro é simplesmente desconsiderado e descartado no momento em que passa a 'atrapalhar' ou deixa de dar o retorno esperado à alimentação do ego narcísico. Segundo Anton (2000), o narcisista "objetiva, inconscientemente, convencer a si mesmo do seu valor, (...) anseia por admiração e afeto, em razão da falta de um suporte interno mais consistente. Para tanto, organiza sua vida não de modo a desenvolver uma real empatia, mas sim recursos de superfície, que satisfaçam sua vaidade e posssam ser empregados em seus movimentos exibicionistas."
Além disso, o sujeito narcisista repete uma espécie de dependência infantil do parceiro, que pode ser verificada, muitas vezes, em controles que ele permite e até exige que o outro mantenha sobre si. Então, criaturas desse mundo de môdeus, cuidado, pois o tipo narcísico faz sofrer não apenas o seu parceiro, mas também os amigos próximos. O abandono costuma doer muito, já que ele usa dos ardis mais requintados para manter o afeto do outro. A mesma Iara Anton (2000), ao explicar as razões inconscientes desse modo de ser, pergunda: "por que esta necessidade de interromper a relação que, em geral, parece tão gratificante, um completando e fascinando o outro? Por que a necessidade de antecipar o rompimento, justo quando os laços parecem mais estreitos? (...) Deve-se, em especial à gravação incosciente das experiências infantis traumáticas, que resultaram numa ferida crônica, talvez incurável. Como defesa, desenvolveu-se uma patologia que permite (...) evitar o luto: assumindo e antecipando rompimentos e evitando a formação de elos emocionalmente significativos; negar ou relativizar suas culpas, graças à má formação superegóica; fugir da sensação de vazio, inebriando-se na multiplicidade de relações fúteis, porém coloridas, substituindo-as rapidamente, umas por outras." Assim, amiga, irmã, companheira, fuja como o diabo da cruz de um eventual parceiro/companheiro com essas características. E se você tem amigos assim e gosta tanto deles que não consegue lhes fechar a porta, pelo menos tome precauções: não conte com eles pra nada, não espere que lembrem do seu aniversário, que lhe telefonem, que lhe ofereçam ajuda ou que consigam enxergar o tamanho da sua dor. Eles não conseguem. E sabe por que? Porque eles estão usando seus olhos apenas como espelho. Por mais que doa, melhor saber que é assim, do que ficar esperando, em vão, partilhar a beleza do pôr-do-sol no rio ou de algum revoar de gaivotas. Eles não a enxergam...

Imagem: Eco e Narciso (Waterhouse)
Bibliografia Referenciada: ANTON, Iara L. C. , A Escolha do Cônjuge: um entendimento sistêmico e psicodinâmico.

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Chimarrão (Da Série Canções do Exílio)

"... Por esse ou aquele motivo, sou um triste desterrado. Mas de algum modo viajo com o nosso território, e comigo, lá longe, continuam a viver as essências longitudinais de minha pátria."
(Pablo Neruda, 1972)





Longe de meu rincão há cerca de três anos, o hábito - vício, conforme alguns - do chimarrão, antes diário, passou a ser salteado, esporádico. Primeiro, devido à dificuldade, digo, impossibilidade, de se obter erva-mate fora do Brasil, quiçá, fora do Rio Grande do Sul. Percalço geográfico este, contornado pela solidariedade de mãe, irmãs e amigas que pontualmente enviam encomendas recheadas de Ilex paraguariensis. Segundo, porque, mesmo quando na posse da matéria-prima verde e perfumada, trato de economizá-la, preparando um mate curto, ou mateando dia sim, dia não. E sempre que penso em economizar erva, inevitavelmente lembro-me do casal de velhinhos de Josué Guimarães em "Enquanto a noite não chega" - clássico de minha adolescência - últimos habitantes de uma cidadezinha abandonada, já em ruínas, que passam os dias de recordações e, em virtude das condições precárias em que vivem, são obrigados a poupar os últimos mantimentos, dentre eles, a erva-mate. Após o chimarrão, punham a erva a secar ao sol, com o intuito de aproveitá-la no dia seguinte. Muy bello... Confesso que já pensei em experimentar esta técnica, quando batia o desespero, mas nunca cheguei a fazê-lo! Hoje, depois de quase quatro meses sem chimarrão, sem amargo, sem erva e à beira de uma crise de abstinência, fui regalada, por uma colega de curso vinda de Porto Alegre, com dois quilos de erva-mate. Preciosidade. A sensação de novamente cevar o mate e sentir o cheiro da minha terra... Indescritível! Obrigada. Obrigada. Obrigada. Tenho conseguido, então, graças a almas benevolentes, caridosas, manter a tradição do mate amargo no fim de tarde.

Imagem: Leonid Streliaev



6 Comentários:

Blogger Gláucia disse...

Pá, como é que pode. Postei agora pouco um comentário para Keiko falando do teu chimarrão. É muita sincronicidade...

17/12/05 01:37  
Blogger Tuca disse...

Diogenes, gracias por el sentimiento compartido, por los recuerdos repartidos, por el saludo desde el sur... Gracias por todo!
"Muy bueno" es que te has gustado.
Bienvenido a nuestro Jardín!

17/12/05 13:36  
Blogger Tuca disse...

Glau, esqueceste que somos xipófagas?!... Sincronia, sintonia, y tantas "otras cositas más".
Muitos beijos. Te amo!

17/12/05 13:40  
Anonymous Anônimo disse...

Amargo doce, que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno,
E a cuia,seio moreno que passa de mão em mão,
Traduz no meu chimarrão,
Em sua simplicidade
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão !
( Do irmão Glaucus, quem deu nome para a Gláucia quando esta veio ao mundo)

Tuca, " ... então me fico a pensar
apertando o lábio assim
que o amargo que está no fim
que a seiva forte que sinto
é o sangue de " 35 "
que volta verde prá mim!
__________
Vamos providenciar com urgência na
erva-mate para teus momentos de saudades da querência.!
Te amo. ( A.R.)

17/12/05 14:44  
Anonymous Anônimo disse...

Tuca Querida,

Tens que tomar teu chimarrão ouvindo Vuelvo al Sur. É de lascar.

Beijo
Niña

17/12/05 23:32  
Anonymous Anônimo disse...

tuca, pituca, mutuca, "a síntese do pago em um simples porongo" (papi) é o que tem de "mais melhor de bom" no mundo, tem que tomar o tempo todo, ou sentir o cheiro da cuia com saudade da erva, num respiro profundo, e tem que ficar te vitimando aqui no jardim, daí sempre que alguma margarida for polinizar aí pelo Vale do Tejo, te leva um pedaço do nosso rincão.

:)

21/12/05 23:19  

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sexta-feira, dezembro 16, 2005

Sarau, aniversário e pesaventos (Da Série Bilhetes e Lembretes)


Noite de quarta-feira, Porto Alegre, sul. Palavraria (ali na Vasco, quase ao lado da Espaço Vídeo). Os aspirantes à poesia disseram 'seus versos à boca da noite' pra um público receptivo, de olhos atentos e sorrisos largos. Eu entre eles. Minha primeira vez. Um pouco de música. Palmas. Palmas para o Ronald e para a Palavraria, pelo espaço aberto.
****************************
Como vocês já sabem, Clara-Lua fez aniversário ontem. E ganhou seu próprio blog: Clara passeia no jardim, com link aí ao lado.
*****************************
Agora dei de pensar em razões de coisas que talvez sequer as tenham; sobre as quais não deveria pensar, já que as tentativas de decifração do insondável alheio é mera divagação em torno a nós mesmos. Mas me voltam e insistem esses pensamentos. Querem decifrar ventos que erguem flores roxas e amarelas, esquecimentos alheios, beijos escondidos sob bancos de praças que não viraram sequer memória, porque nunca existiram. Querem, enfim, inventar respostas que saibam se vestir de verdades...
Imagem:Francisco Ribeiro do Vale

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Oi Linda,

Estou por aqui. Te mandei bilhetes, e-mails...etc...

Estou voltando, um pouco desgarrada da batalha, mas vou lutar agora a batalha certa como diz o Lúcio do LLL.

Beijo e saudades de ti...

Já te disse que o blog de vocês é minha segunda moradia? Queria ter estado na Palavraria.

16/12/05 19:00  
Blogger Gláucia disse...

Niña,
Já li teu email. Pretendo respondê-lo nesta madrugada. Ainda não tinhas dito que aqui é tua segunda moradia, mas é muito bom saber disso, pq és uma presença sempre esperada.
Eu adoraria q tivesses estado na Palavraria...Acho que eu adoraria te encontrar em qualquer lugar. Onde quer que fosse, faríamos um sarau, um recital(nunca sei qual é o certo e qual a diferença..., porque a poesia está sempre conosco.

16/12/05 21:29  
Anonymous Anônimo disse...

Glau,

Já te respondi. Me sinto melhor.
Seria os dois: recital e sarau.

Um beijo grande da nova-velha-hóspede!

Beijo,
Niña

17/12/05 12:24  
Anonymous Anônimo disse...

Colaboração:
SARAU= festa noturna familiar onde se dança, canta e declama ( do Galego: serao )
RECITAL= evento de declamação, dada por um só declamador, concerto de música vocal ou instrumental dado por um solista (do Inglês: recital )

Valeu?- Acho que já havia te ensinado ?!!!
Te amo. ( A.R.)

17/12/05 16:33  

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La Casa y el ladrillo) (Da série Sagrados e Consagrados)

Imagem: Leonardo Tricot Saldanha


LA CASA Y EL LADRILLO

Me parezco al que llevaba el ladrillo consigo
para mostrar al mundo cómo era su casa.

Bertolt Brecht


Cuando me confiscaron
la palabra
y me quitaron hasta el horizonte
cuando salí silvando despacito
y hasta hice bromas con el funcionario
de emigración o desintegración
y hubo el adiós de siempre con la mano
a la familia firme en la baranda
a los amigos que sobrevivían
y un motor el derecho tosió fuerte
y movió la azafata sus pestañas
como diciendo a vos yo te conozco
yo tenía estudiada una teoría
del exilio mis pozos del exilio
pero el cursillo no sirvió de nada

cómo saber que las ciudades reservaban
una cuota de su amor más austero
para los que llegábamos
con el odio pisándonos la huella
cómo saber que nos harían sitio
entre sus escaseces más henchidas
y sin averiguarnos los fervores
ni mucho menos el grupo sanguíneo
abrirían de par en par sus gozos
y también sus catástrofes
para que nos sintiéramos
igualito que en casa
(...y segue)
mário benedetti


Com este poema queremos dizer para Keiko que amando tantas coisas em comum, nosso destino só poderia ser esse amor sem conta, que desrespeita os limites impostos pelo mar, pela distância, pelo olvido...

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Faz isso comigo, não. Estás pondo à prova tudo que o exílio fez comigo. Isso não vale! Meu Deus, como é bom ter encontrado vocês! Adorei o post.

Mil vezes obrigada,
Beijo!
K.

16/12/05 11:03  
Blogger Gláucia disse...

Leonardo,
Duas coisas:
A foto é tua. Ok, fiz umas alteraçõezinhas, mas quem foi lá em Montevidéo e fez a foto foste tu. Os créditos estão certos. Agora o debochadíssimo "megapoetisaartistaplástica" eu passo...
El ladrillo - mais que interessante - divino. Todo (é enorme)melhor ainda. É para ler de joelhos e a luz de velas.
Eu até hoje não sei o que é ser gaúcho, apesar de ser filha de quem sou, mas o Zaffari é um vício. Agora, quem é Tânia Carvalho???????? Ela definitivamente não me define como gaúcha...

16/12/05 21:36  
Blogger Gláucia disse...

Keiko, querida,
Conheço algumas pessoas que carregam consigo pedaços de Porto Alegre pelo mundo afora: o Alex e seu sorvete Conaprole de menta e chcolate, by Zaffari; a Tuca, com o seu chimarrão, sua massinhas e as memórias da Redenção; o André, que levou o sol se pondo no rio e o abraço desajeitado de uns amigos estranhos. Mas tu, querida, me comoves sempre, carregando esse pedacinho de ladrilho da tua varanda no bolso direito, junto com a foto do teu irmão-gêmeo.
Te adoro.

16/12/05 21:50  
Anonymous Anônimo disse...

Glau,

E a rasgação de seda segue...e eu gosto cada vez mais. Sem conta que cada vez que comentas no meu blog eu fico pensando que deverias ser contribuinte. Tu achas que teríamos tempo para escrever um blog para nós duas? Algo tipo imitação da imitação de MM's e GG's? Estou brincando, mas se gostares da idéia vamos pensar em algo. :) Não custa te assediar!

Eu também te adoro. Estou louca para te ver e te abraçar.

17/12/05 12:30  
Anonymous Anônimo disse...

Gláucia Minha Ídala do Além-Mar (façamos de conta que estou nas zoropa que é mais chique):

Queres contribuir para o p&p?
Aguardo um sinal de fumaça digital.

Um beijo mais que alado,
Niña

Estou ouvindo Ismael Serrano, as letras são algo. Nunca Estarás Sola é bárbara. Lembrei de ti e de nosotras.

17/12/05 12:35  
Blogger Gláucia disse...

Tô quase desmaiando!!!!!!!!Jisuis me acode. Eu nunca fui convidada pra escrever em lugar nenhum. E aí, no mesmo dia, recebo dois convites, assim...Tô muito emocionada. Vcês são demais.

17/12/05 22:35  

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quinta-feira, dezembro 15, 2005

Palabras para Clara (Da série trilhas sonoras do dia)


PALABRAS PARA JULIA
(J.A. Goytisolo - completa)

Tú no puedes volver atrás
porque la vida ya te empuja
como un aullido interminable.

Hija mía es mejor vivir
con la alegría de los hombres
que llorar ante el muro ciego.

Te sentirás acorralada
te sentirás perdida y sola
tal vez querrás no haber nacido.

Yo sé muy bien que te dirán
que la vida no tiene objeto
que es un asunto desgraciado.

Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.

La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor.

Un hombre solo, una mujer
así tomados, de uno en uno
son como polvo, no son nada.

Pero yo cuando te hablo a ti
cuando te escribo estas palabras
pienso también en otra gente.

Tu destino está en los demás
tu futuro es tu propia vida
tu dignidad es la de todos.

Otros esperan que resistas
que les ayude tu alegría
tu canción entre sus canciones.

Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti
como ahora pienso.

Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino, nunca digas
no puedo más y aquí me quedo.

La vida es bella, tú verás
como a pesar de los pesares
tendrás amor, tendrás amigos.

Por lo demás no hay elección
y este mundo tal como es
será todo tu patrimonio.

Perdóname no sé decirte
nada más pero tú debes comprender
que yo aún estoy en el camino.

Y siempre siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.

Foto: Clara no dia em que chegou em casa, por tu pai

5 Comentários:

Blogger Leonor disse...

Muito bonito, Gláucia! e mais uma vez parabéns

15/12/05 07:27  
Blogger Gláucia disse...

Que bom que leste. Fico muito feliz. São palavras para Julia, para Clara, para mim e para ti...Um abraço.

15/12/05 09:26  
Anonymous Anônimo disse...

Gláucia,

Voltei e voltando te reencontrei aqui em tão belo momento. Não preciso dizer que chorei muito. Estou lendo aos poucos porque está doendo.

Te explico por e-mail.
Vou escrever para ver se passa.

Mas estou aqui. Te mandando um beijo,
da amiga
Niña

15/12/05 13:18  
Blogger Gláucia disse...

Niña, que saudades. Que bom te ter de volta, em tão belo momento. Minha mão está aqui. Meu colo também. E a boa e velha maçã não caiu.

15/12/05 13:27  
Blogger Tuca disse...

Belíssima trilha sonora! Melhor impossível! Beijos.

15/12/05 18:25  

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Clara-Lua Retamozo Alves (Da Série Parabéns a Você)

Me soube grávida onze dias após a concepção. Daí até que a barriga começasse a aparecer, sentia como se carregasse o mais bonito dos segredos. Ouvir o coração bater pela primeira vez, acompanhar o crescimento a cada ecografia, comprar roupinhas, bercinho, arrumar o quarto... Eu me preocupava em registrar, para que ela soubesse mais tarde, tudo o que fazia enquanto estava grávida. Guardei todas as entradas de cinema, teatro, shows e lembranças diversas das suas viagens a Buenos Aires ainda na barriga. Quando ouvia a voz do pai, pulava e fazia piruetas visíveis a olho nu (sim, o grude começou cedo!). Durante toda gravidez,inclusive a caminho do Hospital, ouvi "Palabras para Julia", que vai hoje postada como trilha sonora do dia, na voz da Liliana Herrero. Nasceu linda, sadia e vermelhinha. O tempo foi passando e vieram o primeiro sorriso, os primeiros dentinhos, as primeiras papinhas. E ela sempre e mais mostrando que era mesmo Clara, e não poderia ser de outra forma. Clareia tudo por onde quer que passe. Viu as duas bisavós quando tinha um ano. E aponta com o dedinho, no mural, as fotos, e diz 'bisa'. Já escolhe seus livros. Ela mesma comprou "Contos de Fadas Divertidos", e pede que seja lido quando quer, embora tenha decorado e nos corrija quando, sem querer, engolimos alguma palavra. Adora ir à Livraria Cultura e deitar embaixo do Pinguim (da Penguin Books). Adora comer arroz com palitinho no restaurante japonês. Adora ir comer massinha e pão no 'Pátio', com o Giuseppe e a Angelica. Diz que sou a lua. E quando vê a lua, diz que é a mãe. A primeira vez que ouvi (ela tinha um ano e meio, talvez) pensei não ter entendido. Não acreditei. Mas ela repetiu, para minha bestage eterna e perplexidade ilimitada. Segue repetindo até hoje. Assim que anoitece, procura a lua e as estrelinhas... Adora barcos e aviões (que são da Tíccia). Pede para ver a Rô e a Tíccia no computador. Chama o André de 'careca'. Adora futebol. Jogar e assistir. E água-de-côco. Acho que é vegetariana. Dá sonoras gargalhadas. Diz, numa malandragem escandalosa, 'te liga, Vinicius', pra um dos amigos com quem mais gosta de brincar. Fala no telefone com os di-indos, que venera. É apaixonada pelo Bencke desde antes de saber falar. Aliás, tem bom gosto: não tira os olhos do Gabriel e do Artur, quando os encontra. Sabe muito bem em quem confiar: deixou o Francisco lhe dar comida à boca; vai pela mão do José Carlos e da Fernanda a um único chamado. Depois de ter passado pelas fases Palavra Cantada, Toy Story (I e II), Formiguinhas (Vida de Inseto) e Monstros S.A., anda apaixonada por Van Gogh. Chama o pai dela, o único que conheço melhor do que foi o meu, de 'velho', e pede 'colo tu pai'. Assim que hoje é uma data para ser muiiiito comemorada, por tudo que Clara-Lua já aclarou e por tudo que ainda há de aclarar...
Foto: Clara e mãe dormindo, por tu pai

19 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Glaucinha!!
...eu não sabia o q fazer depois q as tuas palavras foto-grafaram uma razão Clara para q a saudade se acendesse em mim, dentro dos meus sentimentos, tantas vezes escurecidos...
saudade do quão aClariciado já fui pela vossa companhia...
saudade até das Clarícias q ainda espero ganhar do tempo...
então fui até onde sob a aragem da noite se via o luar lindo de hoje... e nesse luar vos enxerguei refletidas, selenitas do meu sonho, desabrochadas para este enluarado ramalhete de palavras que vos ofereço...

Parabéns pra vocês!!

15/12/05 02:55  
Blogger Gláucia disse...

Querido primo-irmão,
Reservamos pra ti todas as clarícias dedicadas aos seres mais amados, porque guardas em ti a magia de espelhar o melhor de nós. Beijos e abraços que estejam sempre contigo, como carrego comigo palavras tuas nos bolsos, para a eventualidade de necessitar urgentes primeiros-socorros.

15/12/05 03:32  
Anonymous Anônimo disse...

Para adentrar no mundo da Clarinha, deve se ler antes:
" Atenção !
Vais entrar agora no espaço de um pedaço de futuro.
Tens o privilégio de poder vê-lo, mas não tens o direito de tentar modificá-lo. Podes entrar. No entanto, anuncia-te primeiro.
Pode ser que o futuro esteja ocupado, descobrindo as futilidades do presente. Não interfiras. Deixa tudo como concontrares. Talvez esteja aí o começo do respeito à individualidade do ser humano.
Este é um pedaço do mundo dessa criança. Tenta compreedê-la e aceitá-la, pois jamais vais conseguir caminhar com ela, alcançar sua dimensão. É que ela foi arremessada pela vida a uma altura que não podes atingi-la sem vertigens ou inconsciência.
Procura lembrar, antes, a criança que tu foste um dia. Isto faz bem: não esqueça que não nascemos assim, adultos, preconceituosos, opressores e medíocres.
Então, tenta ser puro como ela. Procura descobrir o amor em seu estado natural, sem contaminações de egoísmo.
Em seu espaço, por favor, respeita os vestígios de Deus nesse pequeno instante do paraíso. (A.D.)
Com carinho especial para essa mãe maravilhosa e o agradecimento por ter me brindado com neta tão linda.

15/12/05 13:32  
Anonymous Anônimo disse...

Meu deus gláucia, que coisa mais linda...fiquei emocionada de ler esta declaração

15/12/05 16:06  
Blogger Gláucia disse...

Mãe,
Adorei o comentário. Imagino poucas coisas melhores de ouvir da minha mãe do que essa: que sou uma mãe maravilhosa. Mas o que eu sinto, mesmo, lá no fundinho, é que eu fui brindada com uma filha maravilhosa.

15/12/05 18:09  
Blogger Gláucia disse...

Adelaide,
Nesse blog acontecem coisas muito doidas, muito mágicas. Uma delas é essa, dos comentários acrescentarem tanto e serem tão lindos e tão emocionantes, que dá vontade de dançar.
Beijos

15/12/05 18:11  
Blogger Tuca disse...

Glau, amei tua declaração... Realmente hoje é um dia que deve ser muito comemorado! Não que eu seja uma tia coruja, mas a Clara é a criança mais especial que conheci. Uma pessoinha iluminada, linda! E o afecto e a dedicação que vocês tem com ela são inspiradores. Apesar de nunca ter sido muito afeita à idéia de maternidade, vocês, mesmo longe, me provam que vale a pena! Lamento sempre não estar mais perto, mas brevemente estaremos todos juntos. Todos. Amo muito vocês! Beijos cheios de saudades, e parabéns pela maravilha que trouxeste ao mundo!

15/12/05 18:23  
Blogger Tuca disse...

"E o afecto e a dedicação que vocês tem POR ela..." E não com ela.
Erro gravíssimo de concordância! O que a emoção não faz com a criatura...

15/12/05 18:30  
Anonymous Anônimo disse...

Eu também já amo vocês. E adorei o comentário da mãe da mãe da Clara. Só não posso falar muito porque senão vou desatar a chorar aqui.

São muitos sinais juntos num só lugar. Eu me sinto tocada por tamanha magnitude.

Um beijo alado (como gostas de dizer, minha querida).

15/12/05 21:55  
Blogger Gláucia disse...

Eu não digo. Aqui os efeitos especiais estão nos comentários. O nível de piração lexical da Aluna do Uchoa (ou era Ochoa?)

15/12/05 23:20  
Anonymous Anônimo disse...

Espero que o aniversariante genitor não tenha ciúme da Clara. Você eu sei que tem. A Débora também tem das crias dela (deve ser natural para vocês... Quanto ao olhar da Clara para meu lindo filho, eu diria, como bom pai coruja, que é um olhar óbvio. Quem resiste a alguém que tem duas namoradas no colégio. Estamos contentes pelo níver.

15/12/05 23:42  
Anonymous Anônimo disse...

Glaucinha!
És privilegiada, não só por seres a mãe da CLARA, mas também por teres amigos tão maravilhosos.
Amo essa família CORREA RETAMOZO BARCELOS ALVES. (A.D.)

15/12/05 23:59  
Blogger Gláucia disse...

Keiko, keikinha,
não tenhas dúvidas de que nós também já te amamos. Te entendo quando dizes "só não posso falar muito porque se não vou desatar a chorar aqui." Comigo isso acontece muitas vezes, ao ler o que escreves, como naquele post, "Irmandade", e outros...que bem sabes.
Muitos beijos alados pra ti também. Todos os meus beijos com asas são para alcançar a ti, ao Alex e a Niña. Meus amores nunca vistos; nem por isso menores.

16/12/05 00:48  
Blogger Gláucia disse...

Mas q corujice, Zé. Eu, hein? Depois as corujas somos a Deb e eu...Sei. Duas namoradas, é? Além da Clara?

Mãe: meus amigos são um bafo. "Tenho sorte até demais...", como diria o outro.

bjos

16/12/05 00:51  
Anonymous Anônimo disse...

E eu não quis dizer antes, mas tu estás a cara da Penélope Cruz nessa foto!!!!!!!!!!

16/12/05 01:35  
Blogger Gláucia disse...

Keiko, assim vou ficar me sentindo...E eu acho ela linda de morrer.

16/12/05 02:39  
Anonymous Anônimo disse...

...levas "minhas palavras" nos bolsos, para qdo a necessidade de "urgentes primeiros-socorros"?

...eu é q levarei sempre comigo isso q escreveste, como quem carrega a certeza de estar desde já socorrido, só-corrido do des-espero à paz, com-passos ligeiros de um coração q alcança a si próprio, em súbito recobrar a memória do autêntido ritmo da vida... como quem leva consigo a certeza de estar a salvo, ao menos enquanto existirem poetas-mães como tu, q in-ventas jardins e Claras-Luas, justo quando mais é preciso q eles existam, para q possamos passear circunscritos apenas por beleza, perfume e Claridade, porque às vezes é preciso q cheguemos em casa, porque é preciso q às vezes desabrachemos da Noite o eterno endereço da nossa infância, mesmo quando nos é cobrado um esforço sobre-humano para q sigamos re-in-ventando jardins enluarados dentro da escuridão, do silêncio e da dor...

Beijão, minha alma-prima-irmã!!!

17/12/05 03:59  
Anonymous Anônimo disse...

ERRATA: quis dizer: "autêntiCo ritmo da vida"... só pra constar... risos...

17/12/05 04:06  
Anonymous Anônimo disse...

Keikinha foi o que há...AMEI!!!!!!!!!

E estás a cara dela. Sem maquiagem o que significa que és bonita naturalmente...por dentro e por fora aliás...

Te adoro,
K.

17/12/05 12:38  

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quarta-feira, dezembro 14, 2005

A minha voz continua a mesma (Da série Imorais e Surreais)


Saindo da análise, a criatura encontra a amiga da amiga. Como a amiga, embora agora mais distante, sempre tenha sido muiiiiito amiiiiiga, é óbeviú que já se sente amiga da amiga da amiga. E já gosta dela. E pra ela tem olhos de carinho. E a amiga da amiga diz então que vem sempre aqui no Margarida. Que é um momento bom no final do dia, ou coisa que o valha. Reação lógica e controlada, típica dessa que vos escreve: uma quase indomável vontade de correr. Precisei de um esforço hercúleo pra não fazê-lo.
****************************************
E por falar em análise, certo estava o Hélio (Pellegrino, claro - é que de tanto tê-lo em mim já sou íntima): "Receber confidências, esforçando-se por compreendê-las, é um exercício de amor." E é.
****************************************
Eita vida mairr lôka, eita vida sem jeito. Acabo de receber e-mail de ex-namorado, que viu foto no blog e ficou escandalizado com os meus cabelos. Preferia a volumosa juba da qual se recordava. É, a minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos...quanta diferença...

Imagem: Rogério Pires

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Lembrei de você (Da série Inéditos e Dispersos)



vi uma bundinha nas nuvens
e me lembrei de você
depois eu vi um arbusto

levei um baita dum susto
e me lembrei de você

vi o buraco do poço
e
lembrei do teu umbigo
larga esse osso de pescoço
e vem ficar comigo

(retta)

Imagem:João Vasco

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Glau! Tens que ver o tio Retta cantando esse texto que postaste... o cara é um show-man!
Estive por Curitiba alguns dias atrás... Fiquei longe do teu jardim... E estava perdendo muito com essa distância...

Escreves MUITÍSSIMO BEM!!! Nunca pare de escrever, per favore minha obra-prima-irmã aClariciada pela poesia!!!!!!!!!!

14/12/05 02:30  
Blogger Gláucia disse...

Que bom que apareceste. Saudades, alma-prima-irmã.
Beijos,

14/12/05 10:11  
Blogger Gláucia disse...

Ah, e eu só imagino ele cantando. Ele é o máximo. Ninguém entende pq tenho uma tara secreta por publicitários. Rá. Electra desviada...

14/12/05 10:12  
Anonymous Anônimo disse...

Se omitissem o AUTOR, teria certeza de que havia sido o PIÁ que escreveu.
É a cara daquele guri que conheci em mil novecentos e sessenta e seis. Um abraço querido cunhado!(A.R.)

16/12/05 00:03  

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terça-feira, dezembro 13, 2005

Esperanças (Da série Inéditos e Dispersos)

manhãs que sorriam
tardes que anunciem
noites que prometam...

Imagem: Anderson Fetter

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Gláucia,

Tu não fazes idéia do que estou sentindo e de como meu coração pulsou ao reler está tua obra de arte. Quero agradecer e bradar aos quatro cantos:
obrigada!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

PS. Sim, eu sei estou decontrolada. Sim, eu sei eu sou uma descontrolada disfarçada.

Te mando gritos emocionados e choros contidos porque tenho esgotado as lágrimas com o turbilhão destes dias.

16/12/05 14:55  

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