sábado, dezembro 10, 2005

Amigo Oculto (Da série Pergunte ao Pó)


Nesse tempo de amigos ocultos, quisera eu ser surpreendida por alguma revelação. E sob o nome do oculto amigo revelado, sobre o nome, sobretudo, homem ou mulher, disposição de regar o invisível até o aparecimento da primeira frágil haste. Saber que saber-se ou buscar-se é cuidado permanente, única chance da plutoniana semente vir a ser flor. Amigo é aposta na vida que poderá ser. O vir a ser, no entanto, é construído no agora, ladrilho a ladrilho, palavra a palavra, em cada segundo generosamente dedicado ao Outro. O agora é a matéria do eterno. É no instante mágico do sair-de-si e olhar para o Outro com amor e respeito para com a sua humana limitação que plantamos, que regamos. Esse instante mágico é a centelha de eternidade que invade nossas frestas todos os dias, passando despercebido e se perdendo no pó das pilhas, da obrigações...Eu quero estar atenta, e perceber a revelação, o olhar, o cuidado. Eu quero regar, apostar no primeiro verde e acreditar no vir a ser flor - efêmera beleza, promessa de aconchego, amizade, luz e amor - centelha de eternidade.

Imagem: Vase avec marguerites et coquelicots (Van Gogh)

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