Os descaminhos dos desencontros (Da série Razão e Sensibilidade)
As vezes digo o que não queria dizer, não digo o que queria dizer e me enrolo toda. Tenho medo que o não-dito se perca sob os escombros e que as coisas não-entendidas, matéria das formas mais lindas, fujam das minhas mãos.
*
Faço tudo com palavras. Não sei acolher, abraçar, fazer cafuné, pegar no colo. Nem aceitar ombro pra soluçar a represa. Meio-aperto de braço me leva a um campo de girassóis.
*
Eu também já toquei piano.
*
Disseste "porque é preciso muito engenho para não ceder ao desencontro, que é a regra, afinal."
*
Te digo: pra não ceder, eu ergueria pontes, estudaria a trajetória dos astros e embalaria nos braços os instantes inventados de tudo e de tanto. E muitas tardes e sachets de açúcar que. Pois sim, tudo é inventado, tudo de mais sagrado é inventado. São inventados os castelos em que moram as meninas que se inventam princesas, assim como as asas com que elas voam pra descobrir o odor da relva molhada de chuva.
*
Hoje pensei que talvez evite por medo de não encontrar o sinal verde na limpidez dos teus olhos, por medo de ser inconveniente, torta, não-convidada, invasiva, desajeitada, ridícula. Por medo de ser rejeitada, minimalisticamente.
*
A dor maior tem sido da derrota. Foi sobre ela que não consegui falar. É ela que produz o bolo na garganta. É sobre eu comigo mesma. É sobre não conseguir, não dar conta, não decidir as horas, os dias, a vida.
*
Tu já me ajudaste muito mais do que sabes, de modos que talvez jamais saibas. A maior parte das vezes, sem que eu precisasse pedir. Quando, na modulação da tua voz, escapa daquela mesma ternura que os olhos derramam, eu sei que nós podemos ser exceção à regra. Depois esqueço, e desconfio que não possa despertar nada que vá além dos desencontros. Mas basta que me acolhas para que os girassóis reapareçam.
imagem: van gogh
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Faço tudo com palavras. Não sei acolher, abraçar, fazer cafuné, pegar no colo. Nem aceitar ombro pra soluçar a represa. Meio-aperto de braço me leva a um campo de girassóis.
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Eu também já toquei piano.
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Disseste "porque é preciso muito engenho para não ceder ao desencontro, que é a regra, afinal."
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Te digo: pra não ceder, eu ergueria pontes, estudaria a trajetória dos astros e embalaria nos braços os instantes inventados de tudo e de tanto. E muitas tardes e sachets de açúcar que. Pois sim, tudo é inventado, tudo de mais sagrado é inventado. São inventados os castelos em que moram as meninas que se inventam princesas, assim como as asas com que elas voam pra descobrir o odor da relva molhada de chuva.
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Hoje pensei que talvez evite por medo de não encontrar o sinal verde na limpidez dos teus olhos, por medo de ser inconveniente, torta, não-convidada, invasiva, desajeitada, ridícula. Por medo de ser rejeitada, minimalisticamente.
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A dor maior tem sido da derrota. Foi sobre ela que não consegui falar. É ela que produz o bolo na garganta. É sobre eu comigo mesma. É sobre não conseguir, não dar conta, não decidir as horas, os dias, a vida.
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Tu já me ajudaste muito mais do que sabes, de modos que talvez jamais saibas. A maior parte das vezes, sem que eu precisasse pedir. Quando, na modulação da tua voz, escapa daquela mesma ternura que os olhos derramam, eu sei que nós podemos ser exceção à regra. Depois esqueço, e desconfio que não possa despertar nada que vá além dos desencontros. Mas basta que me acolhas para que os girassóis reapareçam.
imagem: van gogh
3 Comentários:
Lindo...talvez exista uma palavra melhor do que "lindo", mas mesmo assim...amei...e obrigada pela visita no meu blog...beijão
Parabéns pelo blog. Visitarei você de vez em quando apra saber se isso passa! ;-)
Abraços,
Nelson
PS: Eu lálio, tu lálias?
Flávia,
amizade é meio assim. Nem sempre dá rima. Mas qdo dá, é bem bonito...
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Acho que com você laliaria.
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