Noite de Natal (Da série "Vejo Flores em Você")
Eu não tinha armado pinheiro nem comprado qualquer presente. Não havia, em casa, qualquer referência ao Natal. A Daniela, minha amiga-irmã-companheira-corredora-pisciana-etc havia convidado pra passar a noite do dia 24 com a família dela. Até a última hora eu não havia decidido o que fazer; se ia, se ficava, se alguém da família apareceria. Saímos pra correr no final da tarde. Eu não havia dormido nada (literalmente) na noite anterior. Foram 1h20 de exercício e muito trololó, o que já me deixou mais animadinha. Depois de um banho fomos pra casa da tia da Dani, onde toda a família se reuniu pra uma deliciosa festança, com direito a arroz a grega, torta fria, peru, frutas e mais frutas, ervilhas (a Clara comeu todas, não sobrou pra mais ninguém) muita champas, inomimáveis doces natalinos e uma alegria contagiante, que me lembrou os melhores Natais da minha vida. Quando meu pai era vivo e dizia palhaçadas a noite inteira, as gurias cantavam, minha mãe fazia muitas comidas agridoces e engordantes, trocávamos presentes e dávamos muita, mas muita risada. Por nada. A gente se olhava e ria. Pois ontem dei muita risada. E ganhei abraços fortes e apertados e sinceros de todos. E me senti envolvida por um halo protetor de carinho, pelos olhos do meu amigo-irmão-caçula-companheiro-corredor-leonino Leandro, pela mão no ombro do meu amigo-cunhado-companheiro-corredor-taurino-doutor Cristiano, pelas palavras sinceras da Dani, minha inqualificável amiga de todas as horas, pelos cuidados constantes dos seus pais conosco, na intuição do meu amor pelos filhos deles, pela doçura das tias e tios dela, especialmente a nossa anfitriã, que conversa com qualquer um como se conhecesse desde sempre, deixando a gente tão a vontade que até um porre no Pitoco, o cachorrinho, acabamos dando (ele se atracou feliz da vida no vinho que caiu da taça). E a Clarinha teve uma Noite de Natal de verdade, no meio de uma família feliz, barulhenta e colorida, como as que a mãe dela teve um dia...e nunca mais esqueceu, como nunca mais esquecerá esse gesto tão singelo, esse mágico toque de pincel com o qual a mãos-de-vento pintou estrelas azuis na noite que havia nascido pra escuridão e pra falta...
Imagem: Dani, Leandro, Cris e eu (reparem que todos só tomam mineral, exceto...)
Imagem: Dani, Leandro, Cris e eu (reparem que todos só tomam mineral, exceto...)
6 Comentários:
Feliz Natal atrasadao, Gláucia. Ainda bem que conseguimos ultrapassar esta data com a tranquilidade necessária para aceitar aquela ausência em nós. Bjs. Leonor
Feliz Natal atrasado pra você também. Ainda bem que conseguimos. Tenho certeza de que muito do "conseguir" teve que ver com ler exaustivamente teu blog, e partilhar da mesma dor. Assim, muito obrigada por tudo. Bjos
Gostoso!
Beijos grandes, Gláucia. Fiquei comovida.
Papalagui,
A minha gratidão é verdadeira e profunda. Embora nem sempre consiga deixar comentários, sou sempre tocada pelo que escreves lá, como naquela vez do bilhete do teu pai, em que disseste q podendo vê-lo, não mais sairias de casa...Eu também.
Todos a água mineral, excepto... tu? :o) Só queria confirmar (curiosidade matou o gato, eu sei, mas...)que tu eras a menina de copo na mão.
Agora a sério: Como, quanto me revejo no teu texto... Chorei...
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