sexta-feira, janeiro 06, 2006

Blau Engel (Da série bem-me-quer, mal-me-quer)


Acho que já disse em algum lugar por aqui que nunca acreditei em anjos. E nunca achei que essa (des)crença tivesse qualquer contradição com minha paixão incondicional por It's a Wonderful Life, que assistia todas as noites de Natal, até esta última. E tampouco com o fato de ser apaixonada por Clarence, o anjo trapalhão que quer ganhar suas asas. Natal passado não assisti It's a Wonderful Life. Mas comecei a perceber sinais que indicam que talvez eu tenha sido escolhida como a missão de muitos anjos que estejam próximos de ganhar suas asas, ou que talvez as tenham perdido e estejam a tentar recuperá-las. Sobre alguns deles tenho falado, embora ainda não os houvesse identificado angelicalmente...Pois ontem apareceu mais um. De braços abertos. Receptivo e carinhoso. Doce. Espelhava, nos olhos azuis, o melhor do que já fui. Bondosamente, me fez recordar momentos de felicidade e superação, sugerindo, sutil, que muitos outros estarão a minha espera, logo ali. E me disse coisas fantasticamente repletas de sentido, que residem em mim, sem formulação, desde o início dos tempos: a maldade, pura e simples, só pode ser derivada da burrice. Eu também acho. Fora isso, resta apenas a loucura. Mas o mais importante: ele disse que não estou mais sozinha (em certas situações, como é o caso, nada pode ser melhor de ouvir). Fez mais do que dizer. Ele me olhou com olhos de acreditar, olhos que habilitam o melhor de nós: coragem pra ser o que a gente escolheu. Coragem pra tentar, pra apostar...Só pode ser um anjo. Quando parecia estar tudo perdido, apareceu. A pele clara, a inteligência penetrante, os gestos largos, o sorriso fácil. E eu ali, feliz, feliz, como alguém que, depois de ter tentado muito, sem sucesso, se comunicar, encontra alguém que fala a sua fala.
Imagem: Adolphe Bouguereau

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