quarta-feira, março 08, 2006

O Jardineiro Fiel (Da série 'Descolar Cinema')


Eu sei que já pode ser considerado patológico. Mas fui ver de novo. Tá, eu sei que é a terceira vez. Mas quanto mais vejo menos me conformo com a não-indicação ao Oscar de melhor diretor e de melhor filme. Tá, eu sou suspeita. Afinal, esse é um blog-jardim. Mas não consigo achar justo. Principalmente depois de ver Munich (muito bom, mas não há termo de comparação) e Capote (que também é ótimo, mas entre os dois eu não piscaria). E após todas as indicações ao Bafta (acho que foram 10), acabar levando só edição! Eu achei o Oscar de Crash merecido, merecidíssimo. Já postei sobre isso. Mas se alguém me perguntasse qual foi a injustiça terrível terribilíssima das últimas premiações, eu diria "Jardineiro Fiel". Pelo amor de Deus, o que é a fotografia? E a trilha sonora do argentiníssimo Alberto Iglesias, então? Não é segredo pra ninguém a minha paixão de longa data pelo Ralph Fiennes, e, mais recentemente, pelo Justin Quayle. Aliás, esta última rendeu inclusive a ira de algumas respeitáveis senhouras que achavam que homens não podem ser frágeis e que não há perdão para aqueles que não reconhecem o valor da mulher que tem a seu lado enquanto ela está ali. E eu me esforço, mas não consigo deixar de amar cada silêncio daquele homem. A criatura simplesmente agradece ao sujeito que vem dar a pior notícia que ele já ouviu, dizendo que deve ter sido muito difícil vir lhe dizer aquilo. Eu tenho vontade de abraçá-lo nessa hora, de dizer não precisa ser educado agora, de dar colo. Será que eu que sou louca? Ele fica amedrontado ao se apaixonar, mas não deixa de dizer sim. Putaquopariu, o cara não era um amante latino, rasgado, do tipo capaz de mandar flores de hora em hora (que sonho!!!!!!!!). Ele demonstrava seu afeto com o grau de intensidade que lhe era possível. E que não necessariamente correspondia ao grau de intensidade do que sentia...mas apenas ao grau de intensidade que ele conseguia expor. Esse contraste fica perfeito quando ele encontra o 'primo latino'. E Fiennes consegue fazer os olhos de Justin transbordarem tudo o que as palavras não dizem.
Ai, ai. A fidelidade do jardineiro me comove do início ao fim. Fazer o que. Devo ser doida!

Imagem: Rachel, maravilhosa, recebendo sua merecida estatueta

6 Comentários:

Blogger Alex disse...

Que engraçado isto de gostares tanto do Jardineiro. Eu vi uma vez e meia e achei absurdamente forçado. Tudo forçado. Acho/sei que o Fernando Meirelles tem o dom da edição, sempre maravilhosa. Não acho a fotografia assim TÃO tão, entende? Achei convencional. A Rachael Weisz está bem, mas mediana, da mesma forma que o Ralph está fazendo aquelas caras e bocas de sempre.

Mas eu não vim aqui para tentar te contradizer. Eu queria dizer que eu acho lindo a gente se identificar, se embasbacar e se comover tanto com um filme, como foi contigo com o Jardineiro e eu com Crash. E, tenho certeza, temos muitos outros.

O que será que estes filmes fazem na gente, heim?

8/3/06 10:54  
Blogger Gláucia disse...

Mas é bom que a gente discorde de vez em quando, não é? Se a gente nunca discordasse e tivesse essa bárbara afinidade espiritual que temos, seria muito assustador. Ou melhor, seria muito mais assustador do que é. Um assustador maravilhoso, mas assustador.

E Crash fez isso comigo também. Eu achei Crash tudo.
E se o Jardineiro estivesse indicado, acho que Crash deveria ter ganhado. Achei injusta a não-indicação.

Sabe o que eu acho que eles fazem com a gente? Acho que eles nos revelam. Minha identificação com a Tessa e minha vontade de proteger o Justin devem revelar muito de mim. Assim como nosso choque com Hotel Rwanda revela muito de nós. Assim como nossa devoção por Crash: colchas de retalhos (acho retalhos reunidos com arte a nossa cara), necessidade de afeto, velocidade, solidão em movimento, conforto nas palavras...

Beijos com asas.

8/3/06 16:41  
Blogger Gláucia disse...

Ai, Delaidinha, tu também ficaste com síndrome de assistente fiel, como djo?

8/3/06 21:50  
Blogger Alex disse...

A Delaidinha tem é síndrome de me contrariar, isso sim!

Passa já pras tuas panelas, Adelaide!

**

8/3/06 22:13  
Blogger Gláucia disse...

Ai, Alex, que coisa mais leonina!!! Sabe que eu acho que as leoninices, no teu caso, te tornam ainda mais irresistível, ao contrário do que ocorre com a maioria dos mortais.

8/3/06 22:38  
Blogger Gláucia disse...

Adorei "contrariro", pq além de ser uma prova de 'calexia' é uma confissão de que, tanto quanto eu, adoras as leoninices da criatura.

No mais, concordo contigo sobre o lançamento cedo e sobre o lobby. Ao
que acrescento: muito inglês/brasileiro e pouco americano.

10/3/06 02:27  

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