sábado, maio 06, 2006

Do que fomos (Da série Pergunte ao Pó)


Antigamente não tínhamos pressa; éramos a ambição do sempre a talhar na madeira bruta a forma da eternidade; éramos nos passos ritmados pelas batidas do coração que solfejava o nome, a cor, o cheiro, o contorno, a sombra do outro; éramos num tempo que nascia para a eternidade, porque amoroso. Mas o hoje é da ausência infindável daqueles gestos mínimos; é das faltas brancas, das tardes cinzentas de um inverno que chegou antes. Percebo pequenos progressos rumo ao nada. Um lento retorno à silenciosa solidão. Reaprender a falar contigo sozinha. Reaprender a fingir das formas mais diversas...Olhar o eterno engolido lentamente pela poeira das horas, pelas tarefas quotidianas, pelo silêncio do telefone.

3 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Lindo, Margarida! "Reaprender a falar contigo sozinha"... Lindo, simplesmente lindo.

7/5/06 19:59  
Anonymous Anônimo disse...

Oi Margarida,

Ao ler este teu texto pela primeira vez senti uma imensa vontade de chorar, tamanha foi minha identificação com "idéia" que ele retrata. Eu estou aprendendo a ser silêncio, pois me parece a única alternativa.

Beijo,
E o blog está lindésimo!!!

Niña

10/5/06 09:25  
Anonymous Anônimo disse...

Flores,
Bjs pra vcs.

10/5/06 10:18  

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