domingo, novembro 27, 2005

O cravo e rosa (Da Série Pergunte ao Pó)



Num tempo feliz, ele reinventava o mundo pra ela, e nas esquinas tortas esfregava suas mãos vigorosamente pela brancura dos braços magros, perguntando se não sentia frio. E riam. E andavam pela praça. E queriam estar juntos. E sentiam falta um do outro quando se separavam. Um dia, reinventou um pedacinho da infância dela, que ficou muito mais bonita, cantando assim: "o cravo correu com a rosa, ao longo de uma enseada, o cravo voltou cansado e a rosa descabelada; o cravo brindou com a rosa, sentado numa calçada, o cravo falou bobagens e a rosa deu gargalhadas".
Mas veio um tempo outro, de angústias e medos. Ele disse, então, que não era bem assim. Não, não era. Uma canção tradicional a gente não reinventa impunemente. E para reinvenções é preciso tempo. Não temos tempo. É melhor ficarmos com o cravo que brigou com a rosa ...que ficou despetalada...

Imagem: Barbara Mock

1 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Não, Margarida, não há tempo para reinvenções... podemos reinventar todos os dias, todo e qualquer tradicional. É por isso que estamos aqui!

28/11/05 01:08  

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