Sonetos a Orfeu, II, 4 (Da série Sagrados e Consagrados)
Eis aqui o animal inexistente.
Sem saber, começaram a adorar
o passo, o porte, o dorso e lentamente
até a luz do seu sereno olhar.
Não existia. Mas de o amarem tanto,
fez-se puro animal. Deram-lhe espaço.
E no espaço, ele, claro, do seu canto
soergueu a cabeça, com cansaço
de ser. Não o nutriram com capim,
mas com eterno poder-ser, e assim,
de tal força dotaram o animal
que um unicórnio fez-se em sua testa.
Branco, o viu uma virgem, afinal,
e em seu espelho ele existiu e nesta.
(rainer maria rilke, trad. augusto de campos)
Imagem: m.c. escher (Unicorn-color)
1 Comentários:
Vai lá no Megeras, no post dos poeminhas...
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