terça-feira, fevereiro 12, 2008

Comovem-me (José Agostinho Baptista)


Comovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.
Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.
Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.

Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.

Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.
Lembro-me sempre de ti.

(Esta voz é quase o vento, Assírio & Alvim, 2004)

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Glaucia!!!
Que delícia, você está de volta!!!
Saudades dos posts...

E vc? Tudo bem???

Um beijo grande

JL

14/2/08 14:10  
Blogger Gláucia disse...

J.L, que legal que apareceste!!
Muitos bjs!

14/2/08 21:11  

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