Carta Aberta às Megeras Magérrimas (Da série bem-me-quer, mal-me-quer)
Gurias,
Se “A Margarida Inventada” finalmente ganhou existência, foi, em grande parte, pelas mãos de vocês. E por isso eu venho agradecer com meu coração inteiro, pois que não sei fazer de outro modo. Até conhecer a Tíccia, eu tinha uma remota idéia do que era um blog. Recebi a indicação do Megeras da minha amada irmã, Tuca, que morava, então, em Cabo Verde. E fiquei abismada com a qualidade dos textos. Naquela época eu estava voltando a escrever, após um longo período de hibernação, de não-dizeres, de não-escrita; um longo período de experiências emudecedoras e de perdas doloridas. Então tomei coragem e fui procurar a Tíccia. Eu tremia quando mostrei a ela meu primeiro poema. Depois de tudo que havia lido, tanto ela quanto a Rô já eram, pra mim, monstros sagrados. Mas a Tí tem um jeito estranho de acolher a gente com o tom de voz, de fazer carinho com olhos que são ao mesmo tempo prescrutadores e calmantes, de indicar caminhos sem impor qualquer ponto de vista. E fomos tomando cafés. Muitos cafés. E ela foi me ajudando a me ver melhor, a ver melhor minhas doloridas e recentes experiências. Foi me ensinando, como o mestre ensina ao discípulo, sem deixar ver que está ensinando. Certa vez o Hélio Pellegrino, numa entrevista para a Clarice Lispector, disse: “Escrever e criar, para mim, constituem uma experiência radical de nascimento. A gente, no fundo, tem medo de nascer, pois nascer é saber-se vivo e - como tal – exposto à morte.” Com a Tíccia aprendi a encarar esse medo de nascer. Aprendi a ter mais prazer em saber-me viva, exposta à morte. Tempos depois, conheci a Rô, que, todos diziam, era muito parecida comigo. Era mesmo. E estranhei tanta semelhança, no começo. E tive medo de lidar com tanta força – pois somos parecidas, é verdade, mas ela tem muito, muito menos medo da vida e da morte do que eu. Ela desafia os covardes pela sua pura e simples existência. Ela enxerga com olhos de dentro, e não tem receio de se mostrar como é. E enfrentamos, uma escorada na outra, mais de um mês sem a Ti. E nós três, juntas, numa intensidade e numa voltagem altíssima, nos fizemos amigas e passamos a partilhar a vida. E elas me emprestaram muita, muita da sua coragem. E quando a Tíccia, no último dia 31 de outubr, escreveu a Carta para Glau – a Ressurreição das Margaridas – , me senti tão comovida, tão feliz, tão gratificada...porque ela conseguiu ressuscitar margaridas com as quais eu a havia presenteado, em agradecimento às margaridas virtuais que ela me dera. Por que ela sabe, como os que freqüentarem esse jardim saberão, em breve, sobre a mágica presença das margaridas, na minha vida, no exato momento em que eu decidi que o meu destino é essa radical experiência de nascimento e morte: a escrita. E por isso eu venho agradecer para a Tíccia e para a Rô, as Megeras Magérrimas, com meu coração inteiro, pois que não sei fazer de outro modo. Eu amo vocês.
Gláucia
5 Comentários:
Sei...
pode contar comigo para cadeira cativa na Casa das Margaridas!
Sobre a delicadeza: gata, a gente acaba sempre tendo o que merece. vc não acha? ;)
(postado no seu comentário no MH)
Ai, Glaucia, que coisa mais linda...
Elas não merecem tudo isso...
Vichy
Belly, cadeira cativa é tudo que já tens onde quer q eu esteja.
Janaína,
q bom vc de novo!!
Anônimo, vc q acha q elas não merecem tudo isso certamente não as conhece. Elas merecem mais, muito mais. Eu é q só consigo dizer isso.
Bjos pra todos vcês.
Postar um comentário
Voltar