Eterna Adélia (Da série Sagrados e Consagrados)
Setembro já passou, mas nunca passa, não é mesmo? Ainda mais quando um poeta querido manda um poema tão lindo de uma poeta tão inspirada. Aí setembro, signo de poesia, se fica...
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira,
constelada,
os botões,
alguns já com rosa-pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizaram-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro.
imagem: klimt
7 Comentários:
Obrigado, querida...
Bjos.
Olha só do que me lembrei hoje:
te conto, depois
eu não sei direito
o que estou fazendo,
mas eu sei que,
finalmente, estou fazendo
o que quero fazer.
também não sei o que vim fazer aqui,
mas eu estou aqui.
talvez tenha vindo me certificar
de que não estamos mais juntos.
e nada pode ser mais triste.
mas eu ainda estou aqui.
por ora, me ama.
te conto, depois.
in
o lugar em que estou
Lindo, Cássio, lindo!
De doer.
Um bj,
Gláucia, que coisa mais linda, obrigada!
"...meu desaponto com os limites do tempo...".
E o Klimt sempre me surpreende e me emociona também. Se eu fosse um Bill Gates da vida compraria um quadro dele.
Beijos
Eterna não só a maravilhosa Adélia, mas o Klimt também. Ele é tudo (ainda mais que pintou um monte de ruivas, rs). ;-)
que coisa mais linda.
Oi Margarida, vim aqui prá te ver e encontrei com Adélia, mulher cujo deus é de pura obscenidade.
Adélia mexe muito comigo. Esta é uma das minhas poesias preferidas.
Podei a roseira a semana passada. Tomara, meu Deus, que tenha sido no momento certo.
Um abraço,
Martha
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