segunda-feira, novembro 28, 2005

Toda Despedida é uma morte (Da Série Sagrados e Consagrados)


Sahi do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem,
Tínhamos estado dezoito horas juntos.
A conversa agradável,
A fraternidade da viagem,
Tive pena de sahir do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim, toda despedida é uma morte.
Nós, o comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuaes uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.

Tudo que é humano me commove, porque sou homem.
Tudo me commove, porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doctrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.

A criada que sahiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...

Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.

E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.

Álvaro de Campos
Imagem: Carla Cristina Brás, Adeus...

5 Comentários:

Blogger Tuca disse...

Clarice, a saudade lateja nos corações dos que amam e não podem estar juntos. Os blogs são apenas um meio de manifestá-la. Obrigada pela visita. Volte sempre!

28/11/05 19:20  
Blogger Tuca disse...

Calexico, adoramos seus comentários! Beijos.

28/11/05 19:24  
Blogger Tuca disse...

Lili, também amamos Pessoa!

28/11/05 19:25  
Blogger Tuca disse...

Niña, sem palavras... Amei o que escreveste!!! Beijos cheios de sodade...

29/11/05 12:09  
Anonymous Anônimo disse...

Que bom, Tuca. Fico cheia de alegria de estar entrando aqui e me fazendo presente com meus escrevinhados.
Beijo de encontro!

29/11/05 13:53  

Postar um comentário

Voltar

free web stats eXTReMe Tracker

Apollofind Counter

referer referrer referers referrers http_referer