Toda Despedida é uma morte (Da Série Sagrados e Consagrados)
Sahi do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem,
Tínhamos estado dezoito horas juntos.
A conversa agradável,
A fraternidade da viagem,
Tive pena de sahir do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim, toda despedida é uma morte.
Nós, o comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuaes uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.
Tudo que é humano me commove, porque sou homem.
Tudo me commove, porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doctrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.
A criada que sahiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...
Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.
Álvaro de Campos
Imagem: Carla Cristina Brás, Adeus...
5 Comentários:
Clarice, a saudade lateja nos corações dos que amam e não podem estar juntos. Os blogs são apenas um meio de manifestá-la. Obrigada pela visita. Volte sempre!
Calexico, adoramos seus comentários! Beijos.
Lili, também amamos Pessoa!
Niña, sem palavras... Amei o que escreveste!!! Beijos cheios de sodade...
Que bom, Tuca. Fico cheia de alegria de estar entrando aqui e me fazendo presente com meus escrevinhados.
Beijo de encontro!
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