Boa Noite, e Boa Sorte (Da série 'Descolar Cinema')
"Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei,
pois eu não era comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas eu não me importei,
pois também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas também não me importei,
pois eu não era sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não era religioso,
também não me importei.
Agora estão levando a mim,
mas já é tarde..."
(Bertold Brecht)
Esse foi o poema que me invadiu após assistir 'Boa Noite, e Boa Sorte'. Por que? Porque o filme conta a história de Edward R. Murrow (David Strathairn) - um homem que se importou. Um homem que enfrentou o medo. Um homem que não sendo comunista, operário, sindicalista, sacerdote ou religioso, se importou. Se importou com o desrespeito oficializado das liberdades públicas, com a violação do devido processo legal, com a inconstitucionalidade praticada por órgãos que deveriam atuar pelos cidadãos. Eu não vou dizer que o filme recria com perfeição a atmosfera dos anos 50, que é tecnicamente impecável, que a música é um desbunde, que o elenco é de primeira, que roteiro e direção são excelentes (pra minha surpresa). Isso todo mundo já disse. Eu vou dizer que um homem se importou e rasgou o pesado manto do silêncio ao erguer sua voz. Eu vou dizer apenas isso: esse filme conta a história de um homem que se importou, e não se omitiu; um homem comum que se importou... e fez diferença.
Não é demais repetir Shakespeare (Júlio César): "Há momentos em que os homens são donos de seus fados. Não é dos astros, caro Brutus, a culpa, mas de nós mesmos, se nos rebaixamos ao papel de instrumentos."
Quem não foi ainda, vá. Logo, enquanto ainda está num cinema perto de você.
Good Night, and Good Luck
mas eu não me importei,
pois eu não era comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas eu não me importei,
pois também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas também não me importei,
pois eu não era sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não era religioso,
também não me importei.
Agora estão levando a mim,
mas já é tarde..."
(Bertold Brecht)
Esse foi o poema que me invadiu após assistir 'Boa Noite, e Boa Sorte'. Por que? Porque o filme conta a história de Edward R. Murrow (David Strathairn) - um homem que se importou. Um homem que enfrentou o medo. Um homem que não sendo comunista, operário, sindicalista, sacerdote ou religioso, se importou. Se importou com o desrespeito oficializado das liberdades públicas, com a violação do devido processo legal, com a inconstitucionalidade praticada por órgãos que deveriam atuar pelos cidadãos. Eu não vou dizer que o filme recria com perfeição a atmosfera dos anos 50, que é tecnicamente impecável, que a música é um desbunde, que o elenco é de primeira, que roteiro e direção são excelentes (pra minha surpresa). Isso todo mundo já disse. Eu vou dizer que um homem se importou e rasgou o pesado manto do silêncio ao erguer sua voz. Eu vou dizer apenas isso: esse filme conta a história de um homem que se importou, e não se omitiu; um homem comum que se importou... e fez diferença.
Não é demais repetir Shakespeare (Júlio César): "Há momentos em que os homens são donos de seus fados. Não é dos astros, caro Brutus, a culpa, mas de nós mesmos, se nos rebaixamos ao papel de instrumentos."
Quem não foi ainda, vá. Logo, enquanto ainda está num cinema perto de você.
Good Night, and Good Luck
13 Comentários:
Tu gostou mesmo, eim neguinha? Valeu a dica. O que vale na vida, é ,ou, são os que fazem diferente.
Estou com saudades das nossas conversas, mas te espero até final de abril. Beijos.
Malvadeza.
Eu confesso que não esperava mais de Boa Noite, Boa Sorte. O que foi muito bom, porque tive boas surpresas.
Há váários filmes que falam desta época, mas um e especial me é muito querido. Chama-se Lembranças de um Verão. Aqui ó: http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/lembrancas-de-um-verao/lembrancas-de-um-verao.asp
Já viste?
Beijos
Malvadezinha, que prazer em tê-la por aqui.
Tômara que valha mesmo, inclusive a importunação das amigas pelas doisdas possessivas de plantão...
bjinhos
Alex,
Eu fui não esperando nada, na real (confesso meu preconceito). Foi uma boa surpresa.
Vou pegar lembrança de um verão, certo. Depois te conto o que achei.
Bjs
Sem dúvida, muito corajoso. Mas parece que algumas peças do quebra cabeças ficaram de fora...ao menos para mim. Preciso aprender mais sobre Macarthismo...
Quais partes Adelaide? Fala aí.
Eu lembro quando me apresentaste este poema. Eu tinha 11 anos! O resto tu já sabes...
Engraçado... há muitos anos, numa destas cerimônias do Grammy, eu vi a Maya Angelou (poeta americana que eu amo) recitando o seguinte:
"First they came for the Jews, but I did nothing because I'm not a Jew.
Then they came for the socialists, but I did nothing because I'm not a socialist.
Then they came for the Catholics, but I did nothing because I'm not a Catholic.
Finally, they came for me, but by then there was no one left to help me."
Dizendo ser do Padre Niemoller, dita por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
E na internet confere a informação.
Vai saber...
Eu também já vi ser atribuído ao Padre. Mas pesquisando na internet também se confirma Brecht...
Sei lá... Vou pesquisar em algum lugar mais sério (tipo Obras Completas) e te digo.
Beijinhos
Algum lugar mais sério, vindo de um nós, é ótimo...
A do padre é de 1946. De quando éa do Brecht?
Olha só o que eu achei. Nenhum é o próprio, mas são equívocos conhecidos, como pode ser esse. Aliás, a idéia de fundo do último é a mesma (e é um poema atribuído a Maiakóvski e Brecht, erroneamente). Dá uma olhada:
http://www.umacoisaeoutra.com.br/literatura/falsos.htm
Vou ligar pro Goethe hoje (agora eu quero saber!!!)
beijocas, querido. E que te mantenhas curioso e atento pra aprendermos sempre mais e mais, juntos.
E esse é destruidor da associação que fiz. Risos:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult2707u33.shtml
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