Congresso Internacional do Medo (Da série Sagrados e Consagrados)
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(carlos drummond de andrade)
imagem: kalila pinto
4 Comentários:
e porque hoje, nos inspira o medo (que não é o mesmo) e as igrejas.
tá lá, no mundo das ervilhas.
Dio santo, deve ser alguma conjunção astral. Mas aquela foto lá no mundo das ervilhas é linda demais! Adorei a visita. Bjs
Carlos é o cara! Toda poesia dele é divina. Beijos, Margarida.
Meu livro de cabeceira.
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