Relações de Emprego II (Da série 'me segura qu'eu vou dar um troço')
Reunião da empresa convocada no último minuto do segundo tempo de sexta feira; sem pauta. Lá se vai a criatura, no passo de quem não tem sequer esperanças vãs. A coisa já durava mais de três horas e nada além do mordacento discursinho em primeira pessoa. Ela só conseguia pensar no trabalho que a esperava sobre a mesa. Tentava lembrar de detalhes picantes da noite anterior, fixava algum ponto na parede pra não voltar aos sapatos h-o-r-r-o-r-o-s-o-s ali à frente. O raio da reunião ia atingir o fantástico marco de 'quatro horas' jogadas no lixo, quando o chefe, aquele poço de ineficiência cercado de puxa-sacos por todos os lados, finalmente lascou a coisa mais absurda que ela ouvira nos últimos tempos: 'não quero mais saber de conversinhas e de rádio-corredor'. E pergunta se o cara é chefe do almoxarifado se dirigindo ao material, pra nunca ter ouvido falar em liberdade de expressão. Não, ele não é. Lamentavelmente, ele é chefe do jurídico. Esse que diz, sem pejo, como se fosse a coisa mais normal de se dizer, que as pessoas não podem conversar ou falar entre si pela simples razão de que assim o quer, é o chefe do jurídico. Ela só ouvia rufar de tambores quando uma advogada sênior interpelou demandando explicações, e depois lembrou Mr. Uó de que, pelo menos pensar e falar ainda podia, como bem entendesse, onde bem entendesse, e com quem bem entendesse, independentemente da sua concessão ou do seu desejo. Tchóin...E ela sai da reunião pensando q'esse homem tem é sorte, porque se a outra advogada estivesse lá, ele teria virado polvilho. Seco. E nem eu ia querer comer as rosquinhas...
(Esse é um post de ficção. Qualquer semelhança com fatos da vida real não passa de mera coincidência...)
10 Comentários:
Mera coincidência...
Plagiando a Soli, virar polvilho seco é um arraso, colega.
Beijo,
Niña
A arte imita a vida, né não?
ficção.
melhor se fosse.
sapatos horrosos causam espanto.
.
.
sobre as maçãs. adorei.
Só pode ser coincidência. Desconheço asno capaz de tal sandice...
Sr. Anônimo,
quando terminei de escrever pensei justamente isso: eita estorinha que ficou inverossível. Ninguém que tenha chegado a assumir um posto em qualquer jurídico que se preze diria algo assim...da próxima vez vou tentar algo mais próximo da realidade...RISOS.
Ela, e Niña, valeu a visita. Bjs
T. e G., vocês sabem como sou criativa, não é?
Acho que a inominável está acabando com você. Partiu para a ficção e escreve coisas impossíveis. É realismo fantástico?
O Sr. Anônimo está a me confundir. A mente criativa que se ocupou da invenção desta inusitada situação é a minha. A mente que se encontra esvaziada (e aí tenho que lhe dar razão) e totalmente voltada à Inominável é a da Gláucia (que não demora dará as caras a nos condenar pela observação e a tentar desmenti-la).
Mas, de fato, aprecio muito o realismo fantástico. Lhe apetece?
Fiz confusão, mesmo. Agora, que Incidente em Antares é legal...
Mas a pessoa não pode nem ir ali na esquina, hein? Vou te contar. Risos.
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