2007

Feliz Ano Novo!

Imagem: Anne Geddes

o ano que passou

2006 foi o ano em que desisti. e foi bom assim. foi também o ano em que aprendi a costurar com retalhos e a fazer fuxicos. fui pouco ao cinema. inventei uma receita maravilhosa de arroz com morangos. conheci ele e era muito melhor do que prometia. voltei à escolinha, com a amada fofilha. meus cachos voltaram (com a ajuda da Madame). treinei menos, muito menos do que deveria. descobri josé luís peixoto, pelas generosas mãos dela. reencontrei Vassilissa, a sapientíssima. fui a Buenos Aires, conheci Dalila e fiquei definitivamente viciada na cidade (ou talvez já fosse). alguns amigos se foram, algumas esperanças feneceram. muitas coincidências se explicaram. fui pisciana (sol conjunto a Netuno) como nunca antes. estive menos presente à coprobelly do que gostaria. vi Marisa Monte. comi muito sushi e bebi pouco vinho. fiz limpeza nos dentes e fiquei feliz por isso. adoeci como não acontecia há muito tempo. experimentei a hidrobike. aprendi várias receitas sem glúten, pra fazer pra ele, e já inventei algumas outras. revisitei algumas comidas de alma. fiz um vestido pra minha filha, e contei muitas estórias pra ela dormir. Foi bom.

Legado (Da série Sagrados e Consagrados)

Foi meu pai quem plantou esse álamo
no meu jardim. Podou seus ramos,
e desde então seus dedos se multiplicaram,
sua voz se perpetuou em folhas
depois de cada inverno.

E quando o vento perpassa
os altos ramos do álamo generoso,
o tempo se dá por vencido,
a dor recolhe suas asas:
meu pai conversa comigo,
andando pela calçada
entre o meu coração e a sua morte.

(lia luft)

Sport Clube Internacional (Da Série Inomináveis)

"...Levas a plagas distantes
Feitos relevantes
Vives a brilhar..."

CAMPEÃO MUNDIAL DE CLUBES 2006!

Internacional 1 x 0 Barcelona

"...Vibra o Brasil inteiro
Com o clube do povo do Rio Grande do Sul."

Clarinha (Da série Parabéns a Você)

Desgarrados (Da Série Canções do Exílio)

Eles se encontram no cais do porto, pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes nas avenidas da capital

Eles se escondem pelos botecos, entre os cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos por toda a noite
Olhos abertos
O longe é perto
O que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados carregados de saudade
Viram copos, viram mundos
Mas o que foi nunca mais será...

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viravam brasas, contavam causos polindo esporas
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos
O longe é perto
O que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados carregados de saudade
Viram copos, viram mundos
Mas o que foi nunca mais será...

(Sérgio Napp e Mário Barbara)
Imagem: Paulo Vaz

Da série Sagrados e Consagrados

Eu escolho a palavra ponte.


Faz uma chave, mesmo pequena,
entra na casa.
Consente na doçura, tem dó
da matéria dos sonhos e das aves.


Invoca o fogo, a claridade, a música
dos flancos.
Não digas pedra, diz janela.
Não sejas como a sombra.

Diz homem, diz criança, diz estrela.
Repete as sílabas
onde a luz é feliz e se demora.

Volta a dizer: homem, mulher, criança.
Onde a beleza é mais nova.

(Eugênio de Andrade, Branco no Branco, 1984)
imagem: oorringetje - Gerard van de Weerd

Glau (Da Série Parabéns a você)

“... Eu não sabia que nossa história

Era mais bonita que a de Robison Crusoé.”

Feliz Aniversário!

(Texto original: Infância – Carlos Drummond de Andrade)

Imagem: Kim Anderson